segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Se eu ficar as coisas vão melhorar?

Ontem choveu 15 dias.
Sem trégua aparente,
Como um longo repente,
De longas sentenças e
Orações frias.

O céu não vai mais abrir,
O sol não vai mais sorrir.
O guarda-chuva é pequeno demais,
A tempestade agora corre atrás.

Antes eu trazia um motor no lugar
Do peito.
Afogado, seu barulho não afasta
Nem a mais nefasta formiga que
Repousa sobre os ponteiros do relógio.

O tic tac do passado mantém
Meu corpo sentado e declama
Em duas sílabas o sibilo do silêncio,
Intenso como o mais sóbrio grito,
Como há de queimar um incenso.

Creio que seja a hora de parar
De tentar me entender, de descobrir
O fundamental e guardar todo esse mistério
Num fundo mental.

Se um dia me julguei culto,
Joguei com insultos e bati a porta,
Hoje durmo com a revolta e à espera
De um vulto ou da tua volta.

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