sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Meus limites / São meus começos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pisando Alto

O meu teto / É meu chão.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Amor Novo Em Folha

Meu coração me cega.
E a cada batida,
Outra metade de mim
Se entrega.

A razão já não me serve mais.
Eu saio do compasso
E me perco sem medo
De me perder mais.

Com todo o respeito,
Abro meu próprio peito
E procuro por um amor
Senil.

Ainda em estado febril,
Me surpreendo quando
Encontro um amor novo em folha
No lugar daquele outro antigo, vil.

Desescrevendo

Escrevo o que prescrevo.
Pra mim mesmo
E pra quem quiser saber.

Descrevo o que desescrevo.
Com algum propósito
Ou nenhum pouco dele.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Hoje já é história.

Broken Hearts

If you fall apart,
I'll be your
Broken
He
a
r
t.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Medo de escurecer

Não tenho medo do escuro.
Tenho medo de escurecer.

Visceral

Sou visceral:
Minha matéria é pecadora,
Minha alma, animal.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O amor é complicado

O amor é complicado mesmo, / Pode apostar. / Tolo é aquele que, / De mil maneiras a esmo, / Tenta descomplicar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Garganta

E os momentos tornam-se
Verdadeiros tormentos
No silêncio da alma.

Já não existe calma.
Não existe saída
Para compensar uma vontade
Traída.

Só mesmo quando você
Cai no chão e não se levanta,
Descobre que o arrependimento
É aquele grito que ficou preso na garganta.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Diversão de Inversão

Seus defeitos
São ainda mais
Perfeitos

De ponta cabeça.
O maior erro de todos não é lamentar ter perdido os poderes, mas se esquecer de, um dia, ter sido herói.

Não Quero Dizer

Sentimentos se amontoam.
Aos montes, sem nome,
Dão vazão a algo enorme.

Sei o que é, sinto.
Só não quero
Dizer...

Linha

Equilibrando-se nas beiradas
Dos finais e das chegadas,
O tempo vai contando em círculos
A brevidade da vida.

De hora em hora,
As horas se esgotam
E as memórias remontam
As histórias que um dia contaram.

A cada passo,
O espaço e o aço
Deturpam as distâncias e recortam
As lembranças que esquecemos de cor.

Conforme a vida passa,
O coração perpassa
E a razão embaça
O pára-brisa da alma.

Quanto mais o corpo teme,
Mais a alma treme
E a gente sente
Que o fim chegou.

Quem nunca acreditou,
Agora ajoelha em pé
E descruza os braços de fé
Que um dia a vida cruzou.

O sentido do amor é esse:
Vindo na contramão
Andando em passos de oração
E enchendo de cor o vazio do coração.
Viver bem é uma questão de escolha. / É manter o coração de sempre / E enxergar o mundo / Com olhos novos em folha.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Centrar-se é
Equilibrar
Os
Extremos.
Dê vazão ao vazio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Às vezes a vida enjoa, sim. / Sorte que ela ainda não enjoou / De mim.

Esperança

Um dia fui procurar
Por Deus
E encontrei
A Esperança.

A vida é uma questão

A vida é uma questão de manter tudo sob controle.
De estar dos dois lados da cerca.
De esgotar as últimas segundas chances.

A vida é uma questão de manter os pés no chão.
De enfiar a cabeça nas nuvens.
De calçar as estrelas e alcançar os desejos.

A vida é uma questão de manter o clima ameno.
De acertar mais e errar menos.
De desafiar o futuro e acordar mais cedo.

A vida é uma questão de se manter vivo.
De engolir o presente, cuspir esse medo inerente
E sair voando por aí...
O amor é a apatia da razão.

Não Existe

Não existe ontem.
Não existe amanhã.
Não existe chantagem.
Não existe mente sã.

Não existe agonia.
Não existe alma.
Não existe luz do dia.
Não existe calma.

Não existe consciência.
Não existe pacto com a ciência.
Existem apenas quilômetros
E quilômetros de silêncio.
O amor é uma Teoria da Conspiração. / Toda planejada pelo coração.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Urubu

Ao invés de ruminar os podres
Da vida
E ficar por aí, à toa,

Veja só o urubu:
Come carniça
E voa.
A solidão, apesar de tudo, preenche.

Caverna (Expedição do Amor)

Comprei uma lanterna,
Só pra iluminar a caverna
Do seu coração.

Obstante, para você
O amor não é o bastante,
Nem ter meu coração
Enfeitando sua estante.

Se nossos inimigos,
Dos jazigos do destempo,
Findaram seu desejo
De (me) amar,

Então apago minha lanterna,
Estico minhas pernas,
E vou sair à procura de outras cavernas.

sábado, 7 de novembro de 2009

Saudades do futuro que me espera

A saudade é uma âncora. Uma daquelas bem pesadas, cheias de ferrujem. Uma daquelas que as pessoas que despertam algo no seu coração, te dão de presente na medida em que vão seguindo em frente. Tem umas que apertam seu pé tão forte que há dias em que o presente são águas passadas. Uma daquelas em que cada gomo da corrente é uma memória diferente, uma história que desconstrói o tempo, que coloca a realidade em suspensão. Tem outras que ao logo da vida te deixam nadar, subir por uns momentos pra pegar um pouco de ar.
Algumas têm seus bônus disfarçados de ônus, só pra pregar uma peça naqueles que se dizem merecedores.
Ao contrário do que muitos pensam, a saudade é o que nos mantêm vivos, nadando pra não se esquecer do passado e de quem um dia já fomos.
A saudade é a luta de cada dia pra manter o coração aquecido, pra garantir que ninguém, jamais seja esquecido.
Por isso, devemos lutar pra que nosso porto esteja cheio de âncoras, sem espaço pra mais nenhuma.
Pois na hora em que estivermos partindo pra imensidão azul lá de cima, seus donos venham pegá-las e partam junto conosco.

É, falhamos.

Você já não tem mais idade pra viver de piedade. Não há mais tempo para ser gasto, não há mais porque tentar manter o espírito casto. A vida não precisa ter o sabor amargo de falha dos seus lábios.
Por mais sábios que sejamos, nossos beijos já estão todos vestidos de despedida. Vamos. Vamos logo antes que a vida desista de ter mais uma recaída. Não somos cegos pra não enxergar que nosso amor já não dá mais pé e que suas palavras se fantasiam de âncoras.
Depois de anos, viramos um retrato exato de uma rotina barata. Nossa floresta já não tem mais canto, já não venta mais o vento da vida, da novidade.
Não quero parecer impessoal ou ter que começar a cuspir inverdades na hora de dizer que decidi voltar a viver tudo pela metade. Não quero nem que esse fim seja visto como algo ruim. Pois agora o jeito é desistir de você, mas não se engane que vou desistir de mim.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Progresso

Progresso
É sempre progresso.

Mesmo que se faça
Existir no processo

De andar
Para trás.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sorte Grande

Falam de sorte como se fosse obra de Deus. Inesperada. Como se fosse um milagre disfarçado. Deseperado. Quantos não cansaram de fazer figas, apertar trevos de quatro folhas, apostar todas as fichas em algo que parecia perdido. Incansável. A sorte não é nada disso. Não são figas, nem trevos de quatro folhas, nem amuletos, nem cuecas, nem pessoas, nem momentos. Besteira. Sorte é a força com que o seu coração bate, é a fúria do seu embate em mudar o rumo das coisas. Sorte é o grito do seu sorriso, o tamanho da sua aura, a dimensão do seu eu. Certo. A sorte grande é quem nos tira, quem comemora quando nos encontra, quem fecha o punho e bate na porta. Vai e volta. Nessa estrada de duas mãos é olho por olho e dente por dente, o presente pelo presente.
Se a sorte realmente fosse incrível a ponto de quase desacreditarmos, estaria sozinha. Sem porta pra bater, sem cabeça pra cair, sem bocas pra sorrir, sem dedos pra cruzar, sem bocas pra beijar, sem semblantes pra mudar, sem caminho pra pisar, sem lugares pra aquecer e sem pessoas pra esquecer.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Memória

Na sala só se ouve o silêncio das fotografias.
O grito dos sorrisos.
O pranto das lágrimas.
As sombras dançam a metros do chão, se movem numa ciranda de perda, numa canção de ausência.

Nas paredes abriu-se uma fresta de medo.
O vento assobia a insuficiência, congela os braços, as pernas, o coração.
Sopra o coma da vida, induz a tristeza a lutar.

Nunca foi tão difícil olhar o Sol lá fora.
Parece que ele cega a esperança, que ele se perde dentro do seu próprio brilho.
As estrelas apagam os desejos, ofuscam a imensidão do céu, transbordam o infinito.

Dentro do estômago, nada além do sofrimento de ontem, da certeza do amanhã.
O vazio do futuro preenche a solidão, toca a alma lá no fundo, onde nem mesmo da pé.
Parece ser fácil se afogar no vão, deitar no chão e se cobrir com sete palmos de terra.

Talvez seja a melhor opção, a mais satisfatória.
Talvez seja tarde para perceber que não se pode colocar os braços ao redor de uma memória.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Círculos

Nós falamos demais.
Nós falamos em círculos
E vamos rodando e rodando e rodando.

Nós falamos demais.
Nós falamos em círculos,
Mas nunca erramos os cálculos, apertamos o passo
Ou andamos pra trás.

Nós falamos demais.
Nós falamos em círculos,
Montados nesse amor-carrossel.

Nós falamos demais.
Nós falamos em círculos,
Nós movemos o mundo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Olho Por Olho

- Tudo bem, vou entrar no seu jogo de se vestir e desmentir quem você realmente é.

Desligou o telefone com um súbito golpe.
Entrou no quarto e saiu depois de uns 40 minutos.
Saiu de casa e seguiu em direção à festa, fantasiado de espelho...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Egoísmo

O egoísmo mais saudável de todos é o amor-próprio.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De ciência, / A consciência não tem nada.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Hoje

Não penso mais em quem fui / Ou em quem seria. / Hoje, não existe / Outro dia.

Ode ao samba

Samba é poesia! É a ferramenta que o brasileiro escolheu para transformar a tristeza em alegria.

Samba é possibilidade! Mistura o novo e o velho, o eletrônico e o pagode e tudo aquilo que der vontade.

Samba é transposição de limites! É o grito que não cabe no peito, a alegria que emploga o sujeito, o Brasil mostrando o jeito de levar as dificuldades da vida no sapatinho.

Samba é paixão! É reinventar a vida num sopro, andar no compasso do jogo, aprender com o que passou e cantar o amanhã.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Esconde-Esconde

Quem se faz de bobo / E diz que nada sabe sobre a verdade / E seu paradeiro, / Não passa de um lobo / Vestido em pele de cordeiro.

No Espelho

Faço de mim, meu próprio orgulho. / Me espelho em quem vejo / No espelho.

Em Cheio

A vida é uma questão de manter / O clima ameno. / Vai acertar mais / Quem errar menos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Armagedon

Estradas que correram das entradas não levam pra lugar algum.
Em algum lugar talvez ainda brilhe uma luz desastrada, sentada e centrada em, simplesmente brilhar.

Erros que acertaram e se esqueceram do caminho do aprendizado, que correm à toda velocidade por um caminho estreito entre sucesso e fracasso.
Errar por escolha, por desejo, por vontade. Acertar por obrigação, por convenção, sem convicção.

Palavras que pronunciam a si próprias sem dicção, sem distinção, que gritam a extinção do passo.
Sem mais nenhum traço, as margens se juntam aos meios e distorcem as linhas de rota, retorcem as suas e as minhas.

Fantasmas que flutuam pelos ares pois o chão é baixo demais, que, em paz, se vestem de branco e não pesam mais que o peso da alma.

Pássaros que voam com força, esperando que quem os espera, torça para que cheguem sem tocar as árvores, sem necessitar de grandes favores.

Confusão vestida de excursão. Chances de êxito não passam de uma em um milhão.
Quem disser que viver é coisa fácil, tranquila, meu amigo, não sabe a complexidade desse armagedon.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Se o passado foi vão, / O presente é ilusão.

Parafraseando Por Aí...

Quem brinca com amor, acaba se apaixonando.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Bola de neve

Ao contrário da tristeza, seria bom se a alegria fosse uma grande bola de neve.

Vide Bula

A rotina é o pior remédio quando o assunto são amores mal resolvidos.

Amor Musicado

Temos certeza de que estamos apaixonados quando sentimos que aquela pessoa é como a nossa música preferida.

domingo, 13 de setembro de 2009

Máscaras de Oxigênio Cairão...

Meu peito está apertado.
Está ficando cada vez mais difícil respirar, pois a cada vez que inspiro, trago mais da vida de fora pra dentro, mas sou incapaz de expirar toda essa vida de dentro pra fora.

Meu peito está apertado.
Cheio de sonhos que não sonho mais, cheio de amores que se perderam no tempo e cheio de tempo que se perdeu no meio de tantos sonhos que esqueci.
Eu arquivo minhas memórias num jogo inconsciente, só pra ver se eu lembro de todas de cor.

Meu peito está apertado.
E eu continuo entupindo-o com ausências que se misturam com a insanidade dos excessos. Um vazio completamente subversivo transborda por todo o tórax e pressiona as paredes de um espaço físico-mental extremamente bagunçado.

Meu peito está apertado.
Lacrado de incertezas que explodem a cada passo que dou. Suprido de possibilidades que florescem a cada lugar que vou. É um equilíbrio que anda sobre a corda bamba de uma estrada com destino certo.

Meu peito está apertado.
E continua a se alimentar dos extremos e dos meios e dos começos e dos finais. É uma equação indefinida, imaginária. Uma soma infinita, que se desdobra em uma dízima estranhamente periódica.

Meu peito está apertado.
Completamente incompleto e sujeito à súbitas transformações.
Me embalo numa reza ritualística e numa dança teatral para trazer o vento da vida de volta pra dentro de um peito cansado, esperando que ele vente à plenos pulmões e expire toda a natureza morta que vive reclusa sob uma camada de vida em coma induzido.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Don't Panic

Sempre tive medo de avião, mas nunca de voar.

Excesso

Enquanto minha razão estiver em recesso, / Sua ausência estará sempre em excesso.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

(Vi)Vida Sonhada

Os sonhos começam no momento em que acordamos para nós.

Incerto Imaginado

Imagino que o futuro seja do jeito que eu não imaginei.

Sem Título

(Infelizmente) Eu sou uma rotina de mim.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Em Construção

Cada um tem dentro de si, não o que construiu, mas o que o mundo não conseguiu destruir.

Você se importa?

Pouco me importa a forma
Com que o tempo se porta.

Tinha esquecido que Deus
Escreve certo por linhas tortas.

Eu fiz o meu caminho
E o meu caminho me fez.

Se daqui a dez anos de novo
Eu perder a vez,

Vou ter certeza de que o que realmente importa
É não se importar.

Inveja

A inveja é uma piscina que não dá pé.

Amor-perfeito

Se você quer um amor-perfeito,
Daqueles que não tem jeito
De se botar defeito,

Cuide desse jardim que fica
Aí dentro do seu peito,
Pra não esquecer que cada um
Ama de um jeito.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O infinito dos segundos

O mundo roda todo num segundo
Quando você está perto de mim.

Me seguro nas beiradas e peço
Para que você me olhe nos olhos, enfim.

Não me importo se um dia isso
Vai acabar ou se vão tirar você de mim,

Pois sei que o maior amor do mundo
Dura apenas o infinito de um segundo.

Minha Primeira Viola ( Ou Canção de Amor)

Quando te olho, fico imaginando quanto tempo demorou para ser feita.
Quanto esmero fora derramado sobre o teu verniz, quantas tardes passaram dando-lhe vida, para que pudesse dar vida a mim.
Suas curvas são indescritíveis. Elas dizem tanto pra mim que até me deixam mareado. E eu surfo nesse enjôo de felicidade, de um lado pro outro, até que eu me jogo na cama e vejo o mundo rodando numa ciranda de amor. Engraçada mesmo essa vida: o mundo roda sem parar e logo você veio parar bem no meu colo.
Ah, minha viola, você sim viola todas as minhas virtudes, me embala numa melodia de delírios, onde eu corro por um jardim de lírios, esperando que o tempo traga você de volta pra mim.
O tempo para e eu volto a te olhar, penso novamente em quanto tempo passaram procurando a madeira que te faria perfeita pra mim, uma madeira que aguentasse o peso do mundo sobre as nossas cabeças, que aguentasse a chuva das minhas lágrimas quando tirassem você de perto de mim.
No momento em que você foi embora, eu quis transformar esse seu único braço em um abraço que devolvesse o passo que o tempo deu por você, mas não pude.
Suas mãos suadas não agarram às minhas e eles te levaram pra longe de mim.
Ah, minha viola, se você soubesse quanto tempo eu passei acariciando essas suas cordas como se fossem as madeixas de um anjo que exalam um perfume divino, agora impregnado sob a minha pele, sob cada célula dessa melodia de falta, dessa canção de ausência. Ausência de você em mim e de mim em mim mesmo.
É até difícil de achar os acordes corretos para que acordes e volte voando pra mim, numa sinfonia de reconciliação, sem pausas, sem condições e sem prazo de validade.
Enquanto isso, vou ensaiando a minha tristeza para ver se meu coração não sai do compasso e simplesmente se esquece de bater por mim.

Conjugando o Passado

É incrível, minha gente, / Como o ser humano é capaz de conjugar o tempo na mente / E transformar o passado em presente.

Lamentando Em Tempos Verbais

O pretérito só é imperfeito / Quando não fizemos o máximo que poderíamos / Ter feito.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

De cor

Você caminhou a vida toda
Sobre os mesmos passos.

Deixou pegadas pesadas
Sobre as pegadas que um dia pisou.

Desvendou os segredos da rotina
E suas estradas de uma só mão.

Amou os mesmos amores
Com um medo tremendo de sofrer.

Supôs que sofrer antes do tempo
Afasta o rompimento do futuro
Com o presente.

Sorriu o mesmo sorriso
Até quando tirou os dentes do siso.

Tentou, num falso sucesso, viver o presente
Num eterno regresso de si próprio.

No final: descobriu uma vida sem cor,
Na qual você soube tudo de cor.

Retorcido

Para ser inflexível não existe idade, / Basta já ter retorcido ao limite o dom da flexibilidade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Andorinha

O amor é a andorinha que, / Sozinha, / Fez o verão / No coração de inverno daqueles que a deixaram entrar.

7h da manhã

O presente é um despertador insistente / Que toca a cada vez que deixamos o passado / Andar na sua frente.

Balão Vermelho

A infância é um balão vermelho, / Cheio de esperança.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

02:35

O relógio do planeta é o homem.

Fazes as fases de nós

Sou feito de fases,
Que desfazes com um sorriso
Ou uma tímida lágrima.

Você é feita de fases,
Que se desfazem com um sonho
Ou com a vontade de viver.

Você me fez em fases,
Me mostrou que dois braços
Também fazem um abraço.

Você nos desfez em fases
E levou consigo a fase em que
Me lembro de te esquecer.

Esperando...

Há dias em que a esperança cansa de esperar por nós.

Sujeira

Os políticos do Brasil lavam tanto dinheiro, que a sujeira já não sai mais de suas mãos.

Cicatriz

Há dias em que sou oco.
Pouco demais para ser louco,
Vazio demais para ser normal.

Dias em que sou ausência.
Memórias do tempo em que
Viver era a tendência.

Dias em que sou nulo.
Que mudo de rumo num pulo
Para o outro lado do muro.

Dias em que sou limite.
Que me perco por entre as linhas
Que sufocam minha liberdade.

Dias em que sou tão frio,
Que minha alma congela
As lágrimas em formato de rio,
Em formato de cicatriz.

Poema Mudo

Existe um poema mudo que fala demais.
Fala mais, bem mais do que pode imaginar.
Um poema que vive de recitar a si mesmo,
Todos os dias.

Existe um poema mudo que ouve demais.
Ouve mais, bem mais do que talvez quisesse ouvir.
Um poema que é verso de vida nova pra todos,
Todos os dias.

Existe um poema mudo, de nome aurora
Ou arrebol.
Um poema que pinta de cor esperança a terra e o céu,
Um dia atrás do outro. Todos os dias de nossas vidas.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Bata Palmas (Se Você Conseguir)

Ser o centro das atenções em vida
Foi sua melhor qualidade e seu
Pior defeito.

Fez com que você viesse
E, absolutamente, nada
Fizesse pelos que um dia
Acreditaram em você.

É incrível o modo como você
Parece não entender
Toda essa história de perecer.

Me assusta saber que, depois de tudo,
Você encara como uma salva de palmas,
Esses sete palmos de terra sobre
Sua cabeça.

Nunca Diga Talvez

Não me venha com desculpas
Ou dizer que está cheia de culpa.

Pouco me importa se com você
Não tenho vez.

Mas te digo, com toda a convicção:
Prefiro a certeza de um não ao infinito
De um talvez.

Grotesco

Eu, que por diversas vezes monto e des
monto essas paisagens em busca do equilíbrio.
Tento redesenhar meus contornos,
Pra poder me livrar de todos esses adornos.

Eu, que sempre estou na iminência
De acontecer,
Faço força pra livrar todos esses ornamentos
Da minha mente e, finalmente, ser.

Eu, que já me esqueci do meu eu mesmo,
Agora tento acelerar a ordem natural das coisas
E estabelecer a calmaria que sucede o caos.

Eu, que me persigo porque preciso,
De uma vez por todas, me livrar desse vão.
Mas não posso, porque dentro de mim
A realidade está em suspensão.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nem a morte nos separa

Um amor finito / Se descobriu sem fim, / No instante em que, com as mãos tremendo, / Você me disse sim.

Com Os Pés Pra Fora

Ouviu o barulho da porta e fingiu que estava dormindo.
Viu apenas o vulto do marido passando por entre a porta do corredor e entrando no banheiro.
Esperou, incansávelmente, 20 minutos, contados no compasso de um tempo psicológico, escatológico.

Ouviu a porta do banheiro abrir.
Colocou as mãos sobre os olhos, fingindo se importar com a claridade.
Na verdade, até que se importava, pois sua alma, naquele momento, era só escuridão.
Trevas que fogem da luz, assim como o diabo foge da cruz.

Mesmo vivendo aqueles longos minutos, em que seu marido se preparava para deitar, sem enxergar nada dentro de si, só queria que as luzes se apagassem, levando pra longe suas memórias hediondas, seu dolo. Queria ser pega no colo e adormecer naquele momento, assim como adormecera sem peso ou empecilho algum há poucas horas atrás, na cama de um estranho que conhecera no bar.
Não conseguia expulsar para fora de seus poros, o suor alheio. Dentro de seu coração, já não pulsava nada além de um arrependimento doído. Era quase possível ouví-lo parar de bater.

Quando as luzes, finalmente se apagaram, sua vergonha perdeu-se por entre a escuridão e,
buscando uma falsa segurança, refugiou-se para dentro dos lençóis, cobrindo seu corpo todo, fingindo estar passando por um portal que a levaria para algum outro local bem longe dali.

Esqueceu-se de que, nas presentes circunstâncias, nem mesmo um lençol que cobrisse toda sua alma, nem mesmo um lençol feito sob medida para limpar toda a sujeira que se depositava por cima do colchão, seria capaz de aliviar o medo que circulava por entre suas veias.
Pois quando a mentira deita e adormece conosco, seus pés sempre ficam pra fora.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Eu acho que...

Quem vive de achar, no final das contas, não encontra nada.

Reprovado

Passou a vida toda tão desligado, que reprovou até em suas faculdades mentais.

Ralo

Chegou em casa e, sorrateiramente, disse à mulher que estava cansado, pois o expediente havia sido estendido.
Passou quase desapercebido pelo quarto e já foi se dirigindo ao banheiro.
Dizia a si mesmo, a todo momento, que precisava de um banho daqueles, precisava lavar a alma.
Entrou no chuveiro e ficou lá por todos os 20 minutos que pôde ficar.

Saiu do box sentindo-se novo, despido de toda a sujeira que as "horas extras" do expediente impregnaram em seu corpo, sua mente e seu espírito.
Colocou a toalha ao redor da cintura, foi para a cama, beijou a mulher e disse que a amava.

No fundo dos seus pensamentos, ainda tinha as pernas da secretária ao redor da cintura, a camisa jogada pelo chão e seu caráter esparramado pela sala.
Mas havia garantido a si mesmo, que saíra do banho total e completamente límpido, isento de qualquer auto-sentença ou auto-restrição.
Virou de lado, desejou uma boa-noite à mulher e dormiu, sentindo-se leve, novo em folha.

Só que nessa história toda, esqueceu-se de um detalhe não tão fácil de ignorar: quando o banho lava a alma, a sujeira entope o ralo.

Infinito

O infinito não passa de uma questão de ponto de vista.

Indefinido

O tudo é feito de nada. / Nada que se possa definir.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Amor Gramatical

Te peço com carinho, / Bem ao pé do ouvido: / Se for me amar, / Ama-me no infinitivo.

Sentido Contrário, Sentido Nenhum

Provou todas as drogas, amou todos os amores, usurpou todos os valores, engoliu todos os rancores.
Sujou todas as virtudes, viciou-se de todos os vícios, questinou todas as vicissitudes, mudou o sentido do curso.
Trocou de personagem, deixou cair a máscara, jogou fora o caráter, matou o tempo, encompridou as distâncias, abandonou a saudade, se entregou à maldade.
Ignorou os avisos, subverteu as placas, se perdeu no caminho e não soube mais voltar.

Apostou tanto em viver na contramão do mundo que se esqueceu de si mesmo.

Em sua carta da despedida, apenas uma mensagem:

"Me despeço, enfim, da vida que vivi sem mim."

Etc.

O nada é feito de tudo. / Tudo o que se pode imaginar.

Não

Quem espera descobrir se a vida
Tem sentido,
É bom esperar sentado.

Pois o sentido da vida,
É justamente
Não fazer sentido algum.

zZz...

Futuro é o presente que perdeu a hora.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Física Elementar E Conflitos Matrimoniais Não Combinam

Dirigiu-se a ela e, cheio de si, proclamou:

- Esse apartamento é pequeno demais para nós dois.

Quando se deu conta, já havia sido jogado porta afora, acompanhado de tapas e pontapés.

De Ponta Cabeça

Quem diz não, talvez não esteja querendo dizê-lo. Apenas está brincando de virar o sim de ponta cabeça.

sábado, 8 de agosto de 2009

A Solidão É Sua Própria Companhia

Você, que constantemente, mente sobre sua mente inconsequente,
Explora os limites alheios sem pedir licença ou desafinar o tom.
Esconde-se nos esconderijos mais sombrios e injustos,
Furta-se das armadilhas que os soldados da vida te armam.

Você, que sem mais nem menos, subtrai a disposição diária de viver,
Rumina num instante eterno e cospe pra longe as relativizações de si.
Que subitamente rouba do ladrão e transforma em lixo seus
Cem anos de perdão, já que admite seu caráter absurdamente falsário.

Você, que marcha e treme a terra com seus passos largos,
Destrói e inutiliza o solo, transforma vida em dolo, novo em velho.
Finca suas unhas cortantes e arranha a alma como
A espada que, num milésimo de segundo, corta a corda da esperança.

Você, que transborda o fim por todos os seus poros,
Desvirtua o futuro em seu melhor ângulo, em sua melhor fase.
Subverte todos os sinônimos de vida, de amor, de crescer,
De esquecer, de superar, de revolucionar, de subir, de conseguir.

Você, que suga com as suas raízes podres, a luz que foge de ti,
Espalha sua podridão numa empreitada implacável, infalível.
Você, que com sua aparência etérea, some no ar e reaparece
Na hora que quiser, com a intenção de sufocar e contaminar.

Você, que abre um vazio tão grande, que não cabe dentro de si.
Nesse dia, verá que seu esforço fora em vão.
Acompanhará minha subida, degrau por degrau,
E com olhos de frustração, saberá que na vida não há espaço para a solidão.

Começo do Fim

Creio que o tempo não tenha parado nunca, nem mesmo por um segundo.
Não é possível encontrar constância maior, em lugar algum, em espaço algum.
O tempo conta a si mesmo, não sai do próprio compasso.
Cada segundo tem seu espaço, não invade o universo alheio.
Um por um eles se intercalam, se beijam de despedida, cumprem sua missão de, somente, passar.
Passar na nossa frente, na verdade, já que a vida é, indubitavelmente, uma contagem regressiva.
Regresso e progresso, regresso e progresso, é disso que se faz a vida. A todo momento, temos que sobrepor nosso progresso, ao regresso do tempo.
Dizem por aí que o tempo é relativo. Se é, eu realmente não sei, só sei que até hoje, o tempo não parou, nem mesmo por um segundo.
Ainda sim, mesmo que o tão temido fim nos persiga, comemoramos todas as datas que julgamos especiais: aniversários de casamento, aniversários de solteiro, de namoro, de noivado, de nós mesmos, feriados, dias inventados e muito mais.
Celebrar a proximidade ritmada da morte é um hábito, pensando pelo lado lógico, no mínimo estranho.
Soltar fogos por um ano que chegou ou por um ano que se foi? Comer bolo por um ano a mais de vida ou um a menos?
Vai ver que quem diz que o tempo é relativo, está coberto de razão. Vai ver que, mesmo contra nossa vontade, o tempo não pode parar, senão quem para, somos nós.

Mistura

A política é a prova mais concreta da besteira que dá, misturar poder e livre-harbítrio.

Em Dobro

Existe, lá longe,
Uma presença
Que eu não cobro.

É por isso que meu ano,
Tem "Dia das Mães"
Em dobro.

Desce-e-Sobe




Do Lado Meu

Eu escrevi nossa história, letra por letra.
Escolhi cada palavra com o máximo de cuidado.
Coloquei bastante amor, bastante confiança, alguns segredos e poucas decepções.
Desenhei uma paisagem bem bonita, como aquelas que aparecem nos cartões postais.
Fiz questão de acrescentar muitas estrelas cadentes, poucas noites frias e horas e mais horas de um céu de pintado de arrebol.
Vesti minha melhor roupa. Coloquei até aquelas meias que vovó me dá todos os natais. Passei a escova no cabelo e dei duas borrifadas do meu perfume preferido.
Coloquei você bem do meu lado, com seus dedos entrelaçados aos meus, com nossos olhares se cruzando, com nossos sonhos se completando.
Escrevi tudo isso no infinito de um pensamento, que quando se perde em você, viaja pra longe e te traz pra bem pertinho de mim.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Não Procrastinarás

Procrastinar nunca foi do meu feitio. Acho que isso às vezes se torna até um defeito. Um defeito responsável, mas defeito de corpo e alma.
Deixar tudo pra depois me consome. O tempo que eu perco me consome. Não consigo olhar o tempo correr e ficar parado, vendo a vida passar. Tudo passa depressa demais. Imagina se ainda por cima deixarmos tudo pra depois?
Em quase 20 anos de vida, fui extremamente ligado ao passado, mas vivi o presente como ninguém. Não deixo a vida passar sem mim, se é que posso afirmar. Tento fazer de cada minuto, um minuto a mais e não a menos. Além do mais, não sou muito bom com despedidas. Talvez seja isso que me faz correr atrás de cada minuto, pois acho que ficaria louco se tivesse que me despedir de cada um.
Tem gente que vive o antes e o depois e esquece de celebrar o agora, que, na verdade, agora mesmo já se foi.
Esse ciclo temporal é de enlouquecer, principalmente quando envolve sentimento. Aí sim, o tempo não é mais físico. É psicológico. É um tempo que anda no compasso do coração, que conta os passos a cada vez que inspiramos a coragem de ir pra frente e recua quando expiramos a convicção de que somos capazes de seguir.
Esse tempo presente, quando embrulhado num papel fininho de tristeza, é um belo de um presente de grego, pois ao mesmo tempo que parece nunca virar passado, empurra todos os nossos sofrimentos, mágoas e angústias pro futuro.
Sendo assim, passado, presente e futuro entram no infinitivo. O tempo se perde dentro de si, nós nos perdemos dentro de nós. Não sabemos mais o que é real, não conseguimos separar começo, meio e fim. Acho que quando esses três tempos se mesclam, é quando realmente temos alguma noção do tamanho do infinito.
Decepção amorosa é quase o sobrenome do infinito. Custa a passar. Anda a passos curtos, sem vontade. Parece se alimentar da nossa capacidade de olhar por cima do muro, de crescer o máximo que podemos, de corpo e alma. Parece nos impor limites.
Essa parede que se cria ao redor do nosso mundo, real e psicológico, um dia, atinge um ápice que não pode mais crescer, que chega ao máximo de si. Quando isso acontece, é hora de começar a subir, de buscar o sol que ainda brilha lá fora, de não perder mais tempo do tempo que se perdeu de nós. É hora de dar corda no relógio, de rasgar o embrulho de tristeza que a vida enrola a cada vez que sofremos um desamor. É hora de abrir o presente e recebê-lo de braços abertos. É hora de presentear-se com o dom da vida, de perceber que o maior presente que nos cabe a cada segundo, é o segundo seguinte.
Quem ainda crê que fugir da vida é o melhor remédio, já morreu e só esqueceu de se deitar.

Agora São Quatro Apontados Pra Você

Você contou meus erros
Um a um.

Gritou meus defeitos
Dia após dia.

Se disse melhor que todos
Palavra a palavra.

Da próxima vez que
Apontar o dedo,

Não precisa me olhar
Olho no olho,

Apenas aponte
Pro espelho.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma Semente

Os devaneios da gente,
Cabem todos numa
Semente,

Que floresce no coração
Do otimista ao coração
Do não tão otimista assim.

Que dá cor aos terrenos devolutos
E renova a esperança
Num instante absoluto.

Que perpassa passado e presente,
E cuida da chama da vida
Com unhas e dentes.

Uma semente que vê conforto
Até em chão duro.

Uma semente chamada futuro.

Poeminha De Lógica

Quem tem sempre razão,
Nunca tem amor.

Ame Quem Esteja Disposto a Amar

Amar alguém que ainda procura
No coração,
O passado grão a grão,

É assistir à vida passar,
Sentado no meio-fio.

Na hora que assobiar o vento
E chegar o frio,
Verás que vazio não preenche vazio.

Manual De Explicação

Qualquer coração se manteria são, / Se todos os novos amores viessem com manual de explicação.

Aberto

Você me abriu um corte tão profundo, / Que nem toda a felicidade do mundo / Poderia me trazer de volta por apenas um segundo.

Ainda

Hoje o dia nasceu escuro,
E sem mostrar muito o rosto,
Escondeu o futuro.

A rua ainda anda sem iluminação,
Contando os passos com o tempo,
Tornando a esperança em vão.

Hoje o dia se perdeu,
Pois seu lugar na cama,
Ainda está vazio.

Minha alma ainda anda sem o brilho seu,
Vai ver que é por isso,
Que hoje o Sol ainda não nasceu.

Queria

Queria encher teu peito de significado,
Jogar fora todos os cacos do passado,
Prometer que nunca mais chegarei atrasado.

Queria gritar mais que a garganta aguenta,
Sumir por um dia pra ver se você me tenta,
Gostar de você mais do que aparenta.

Queria subir todos os degraus de uma vez,
Fazer propostas que ninguém jamais fez,
Tentar correr atrás do tempo que nos desfez.

Queria correr até as pernas não aguentarem mais,
Pra dizer que corri sem olhar pra trás,
Sem ficar pra trás.

Queria entrar no peito teu,
Pra plantar uma semente de amor
E esvaziar toda a sua cabeça
Que pensa que nosso problema sou eu.

Não Sou

Sem você, não me cabe
A existência,
Não me cabe lutar por
Independência.

Sem você, o giro não cabe
Ao mundo,
A alma é só um buraco
Profundo.

Sem você, a dor não cabe
Num só peito,
A solidão me acerta
Em cheio.

Sem você, o amor vira
Defeito,
Faz da vida um caminho
Estreito.

Sem você, o coração
Não é foz,
Transborda o que um dia
Fomos nós.

Sem você, sou vazio,
Sou ausência.

Sem Limites

Os limites da vida são a prova mais concreta da ausência de limites do ser humano.

Make A Wish

Se um gênio a mim viesse
E com claras palavras dissesse:
Tens, enfim, três pedidos
Para fazer pra mim.

Convicto e sem problema algum
Pediria para que reduzisse
Meus pedidos a um.

Esse um seria só meu
E dedicado a trazer de volta
Alguém que há tempos se perdeu: eu mesmo.

Confusão

Levava tão a sério essa história toda de amor próprio, que acabou morrendo sozinho.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

De parar o trânsito

A última mulher de parar o trânsito que me deu bola foi uma fiscal da CET. E só pra me avisar que eu estava sem cinto de segurança.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Lugar Comum

O amor começa e termina num lugar comum: na dor de se estar sozinho.

De Cabeça

A cada novo amor
Que a vida escolhe
Pra mim,

Me entrego tanto
Que cogito se chegarei
Inteiro até o fim.

Um Assassino Chamado Passado

Retirou da caixa a última bala que lhe restava. Com um ar de inquietude, recolheu do chão a coragem e a disposição que há tempos se atiravam para longe. Mal tinha força para abrir o tambor da arma que comprara semana passada. Suas mãos tremiam no compasso de uma canção saudosista, de despedida, cujo tema seria a dança de suas memórias póstumas, que movidas por um ideal de independência, circulariam pelo pequeno e úmido cômodo a partir do momento em que fossem violentamente jogadas contra a parede.
Por alguns segundos, pensou que pudesse aguentar o peso do passado, mesmo que isso tivesse o peso do mundo, somado ao peso do fracasso.
Estava enganado. Já não podia mais fugir, não podia mais se esconder. Sempre que refugiava-se no menor canto que fosse, deparava-se com suas implacáveis memórias, que tinham força o bastante para parar seu coração em um súbito segundo. Agonia. O peso de um suspiro minava seus pulmões, regava suas veias com o mais puro veneno do passado.
Era isso, estava decidido. Não se via apto a dar nem mais um passo rumo ao futuro, pois estava convicto de que sua vida havia se aposentado no passado, havia entregue o jogo para o pretérito, que, de tão imperfeito, transbordava o presente e alagava, em uma cheia enfurecida, o futuro que, agora manchado de memórias, perdeu seu motivo de ser.
A cada centímetro que a arma subia em direção à sua cabeça, sentia-se mais perto da redenção, mais perto de suturar aquele corte que não podia se fechar em vida. Posicionou cuidadosamente o cano em sua têmpora, e, sem demora, findou o sofrimento e a amargura que foram, durante anos, seu castigo diário.
Por um buraco de algumas polegadas de diâmetro, o produto de um passado doloroso estampou, acompanhado de um estrondo de libertação, nas paredes do pequeno quarto de um motel à beira da estrada, a morte de alguém que sentiu até a última célula do corpo que as lembranças não perecem, a morte de alguém que matou a si mesmo para livrar-se do ônus de uma vida que não aguentou viver.
Agora, com uma melodia suave, o vento assobia o paradoxo da vida e da morte e conduz as lembranças numa dança mórbida, que preenche o quarto com a certeza e constatação de que, às vezes, o passado veste-se de presente e anula o futuro. Munido apenas de uma bala.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Esqueço

Quando você me faz falta, / Esqueço de sentir falta de mim.

Paradoxo Sentimental

A palavra solidão é um paradoxo sentimental: brilha como o sol para existir, mas seu produto é uma baita de uma escuridão.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Solidão

Algo calou o silêncio.
Algo com uma aparência eterna, etérea.
Algo que congela, que destempera, desespera.

Os sons já não têm mais vida para gritar, os ecos já não têm
mais força para rebater.
Os pedidos já não se fazem mais ouvir.
Os ouvidos já exaustos, não conseguem nem ouvir a si próprios.

Algo causou um vazio.
Algo com um caráter indescritível, indestrutível.
Algo que cava tão fundo, que torna o vazio da alma o bastante
para se afogar.

Os passos passam pra trás a gana de passar.
O passar do tempo demora tempo demais a passar.
Os demais passam o tempo nos passando pra trás.
O futuro que antes se alimentava do novo, agora só vive do presente pra trás.

Algo escondeu o mundo num canto.
Algo que não se deve ligar tanto.
Algo que subverte o encanto, que se farta do desencanto.

As luzes já cansaram de iluminar os finais dos túneis.
Os caminhos já não levam a lugar nenhum, os desejos já não tem
motivo algum.
Os sonhos deixaram de brilhar no céu da alma.

Algo escondeu o sentido da vida dentro de um alçapão.
Algo que se protege do mundo com um grande portão.
Algo que se resguarda no buraco mais profundo, que um dia todos descobrirão.

Algo chamado solidão.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fim

A vida é um deserto. / Decerto, implacável, / Irredutível.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Compra-se Felicidade

O tanto que se fala / Sobre o amor, / É o que ainda não se descobriu / Sobre a dor.

Amor Freudiano

Há gente que ama demais. / Não a ponto de ficar cego, / Mas o bastante para matar o superego.

Ego

Amor de leigo / Só faz bem pro ego.

Quando o vazio transborda

Os espaços vazios,
Que o amor antes em mim
Preenchia,

Agora transbordam,
Sem prever o fim
Da agonia.

Wish

Ele bem que tenta,
Mas não consegue
Abrir a porta.

Amor de verdade
Não se aguenta,
Não se comporta.

O amor não tem um pingo de ética

O amor não tem mesmo, nem um pingo de ética.

Vangloria-se, sagra-se o melhor, toma as rédeas desse mar revolto de emoções que navegamos diariamente.

Diz-se essencial para a vida de qualquer ser, seja ele racional, irracional, animal, esperançoso, pessimista, ansioso, calculista, genioso, egocêntrico, excêntrico, desmotivado, desacompanhado, acompanhado até demais, atrapalhado, iniciante, amador, jogador, profissional ou-qualquer-outro-tipo-de-ser-que-tenha-vida-própria.

O amor, esse mesmo, que se diz o mestre-sala do carnaval sentimental do ser humano, não sucumbe, jamais.
Às vezes passa desapercebido, pede umas férias, muda de casa, troca de roupa, some por uns dias, torna as noites mais frias.

Esse amor que se finge de morto, já matou demais.
Matou o tempo, matou o ódio, matou a cabeça pensante, matou o livre-harbítrio, matou a consciêcia, matou até mesmo a razão.

Quando digo que o amor não tem um pingo de ética, falo sério.

Ou só me sinto tão vazio, a ponto de deixar vazar a única coisa que o amor não mata, de jeito algum: a loucura de amar para sempre.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Falta

Sentir falta de alguém:

É dividir cada espaço em mil pedaços
E ainda sentir falta do seu abraço.

Sentir falta de alguém:

É dar um passo no compasso
Da saudade.

Sentir falta de alguém:

É ter vontade de esticar o braço
E apagar a luz no fim do túnel.

Sentir falta de alguém:

É prender o Sol num nó bem apertado
E viver só os dias nublados.

Sentir falta de alguém:

É travestir o futuro de
Espelho retrovisor.

Sentir falta de alguém:

É morrer de ódio por não conseguir
Controlar os ponteiros do relógio.

Sentir falta de alguém:

É sentir falta do tempo
Em que esse alguém
Sentia falta de você.

A Sete Palmos

Se o que tivemos um dia
Já morreu,

Fique sabendo que você
Pode ser o amor da
Minha vida,

Mas não o meu.

Vai-e-vem

Os amores mais
Devastadores,

Não são aqueles que
Já se foram,

Mas os que
Voltaram.

O Futuro (Quase) Chegou

Do jeito que anda a tecnologia, já já inventam alguma engenhoca capaz de revelar memória fotográfica.

sábado, 4 de julho de 2009

Dessa Vida Não Se Leva Nada (Muito Menos Da Minha)

Você saiu sem deixar um simples
Traço.
Deixou para trás o que chamou
De nosso.

Você deixou um lugar vazio
Na cama,
Deixou sumir no ar, minha voz
Que chama.

Você se foi sem levar nada demais
E me trouxe de volta, a metade
Do mundo que um dia deixei
Para trás.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Contagem Regressiva (No Infinitivo)

Quando o passo
Passar,
Não há como no tempo
Voltar.

Não importa
Sequer,
Se é homem ou
Mulher.

Não adianta
Pedir, partir,
Fugir ou
Fingir.

Uma vez que a
Dor
Encontra o
Amor,

Cada passo
A mais
É só mais um passo
Pra trás.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Escondendo a vontade de esquecer

Viver em função do passado é trancar a vida na gaveta. Com a chave dentro.

Cadê o cadeado?

A chave do meu
Coração,
Você ainda pode ter
Em mãos.

Mas fique sabendo,
Que ele não tem
Cadeado
Já faz um tempão.

Milagres Não Esperam Por Nós

Esperei a chuva bater na janela,
O vento entrar pela porta
E sua voz se perder pela sala.

Esperei a vida sumir de vista,
Sem deixar nenhuma pista
Ou notícia de que voltaria.

Esperei tempo demais por um milagre.
E agora, só mesmo um para me fazer
Esperar mais tempo por você.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pessoas Deveriam Querer Outras Pessoas Ao Passarem Por Momentos Ruins

Entendo que você esteja
Num momento ruim.

Mas não entendo porque esse momento
Te faz esquecer de mim.

Esqueci de te esquecer

Cansei de enfrentar o mundo
E de lutar por um sentimento profundo,
Que tenho por alguém que corre o mundo
Sem me dar a mão.

Cansei de esperar o futuro,
De olhar por cima do muro
E saber que aquele alguém por quem espero,
Cansou de esperar por mim.

Cansei de cerrar os olhos
Para as coisas que me fazem sofrer.

Cansei de me forçar a não ver
Que o que mais preciso agora
É me forçar a te esquecer.

Num Dilema Daqueles

Não sei mais o que fazer,
Se o mundo insiste em me dizer
Que você foi feita pra mim.

Não sei mais o que falar,
Se você insiste em me mostrar
Que o mundo inteiro está errado.

domingo, 14 de junho de 2009

Twittando Poesias

Eu posso organizar meus
Dizeres,
Em até 140
Caracteres.

Pois não importam,
Enfim,
Mais de 15 deles
Pra dizer que você é tudo
Pra mim.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As famosas janelas da alma

Seu olhar tem a maestria
De captar o mundo
No suspiro de uma fotografia.

Menina Sorriso

Seu sorriso desconserta,
Deixa a porta aberta.

Seu sorriso inspira,
Prende o ar que
A tristeza respira.

Seu sorriso desvia,
Traça uma nova
Linha guia.

Seu sorriso derruba,
Joga pra longe o que
Perturba.

Seu sorriso, decerto,
É tão lindo
Que poderia sorrir todas
As bocas do mundo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O Contrário

Me conheço muito bem.
Planejo meus atos
Como ninguém.

Sei quem fui
E quem quero ser.

Mas sei também
Que não sou nada
Do que sonhei.

Sou justamente
O contrário.

Penso, logo desisto

A vontade de coexistir é inversamente proporcional à vontade de desistir.

Despersonalização

Há dias em que temo olhar para o espelho e não ver quem realmente sou, mas uma representação de quem tento ser.

domingo, 7 de junho de 2009

sou/nós

Me sinto tão completo
Por saber que
Você está perto,

Que mesmo quando estou a sós,
Posso guardar o universo todinho
Numa casca de noz.

Ponto De Vista

A tempestade que vez ou outra nos consome, serve também para regar o amor que cultivamos dentro de nós.

sábado, 6 de junho de 2009

Shiu!

Não é preciso
Explicação.

Essas coisas acontecem
Sem a nossa permissão.

De manhã ou de noite,
Quem manda é o coração.

Por isso, peço sempre
Em oração,

Para que o amor
Venha de mansinho.

Bem baixinho,
Para não acordar os monstros

Que moram debaixo da cama,
Bem ao lado da razão.

sábado, 30 de maio de 2009

Amores Vizinhos

Estava à procura de um
Amor diferente,
Incomum.

Foi quando meu
Amor
Encontrou o teu.

E, de repente,
Nós dois
Viramos um.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Primeira Fatia Do Pão De Forma

Ela insiste que eu estou em primeiro lugar na sua vida.
Vive mexendo comigo, mas não hesita em passar o resto do mundo na minha frente.
Alega que precisa se preparar mais, pensar mais.
E mexe comigo.
Vira minha vida de cabeça pra baixo.
Se empanturra de alegrias e me entope de tristezas.
E nesse vai e vem, continuo sendo a primeira fatia do pão de forma: sempre na frente, mas nunca, realmente, em primeiro lugar.

domingo, 24 de maio de 2009

Poeminha Sustentável De Amor

Só mesmo ela
Pra me fazer reciclar
A esperança.

Pra me fazer pescar
Apenas o amor
De que necessito.

Só mesmo ela
Pra me fazer pedalar
Em busca de uma vida melhor.

Pra me fazer feliz
Com economia de amor,
Com rodízio da dor.

Só mesmo ela
Pra me fazer dividir o mundo
Em dois:

Metade pra agora
E metade pra depois.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tudo O Que Poderia Ter Sido

Minhas mãos tremem,
Minha mente grita.

Minhas pernas não
Suportam meu próprio peso.

Não suportam o peso
Do meu sofrimento.

Meu céu está nublado,
Condensando a chuva
De todo o mundo.

Já não posso nem mais
Acreditar que o para sempre
Sempre esteve morto.

Morto e enterrado
Desde o momento
Em que nascemos.

Um para o outro...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Amor De Caso Não-Pensado

Sem pensar,
Inundamos nossa vida
De amor.

Sem remar,
Deixamos nosso coração
Nos levar por entre um
Oceano de incertezas.

Mais Um Microconto De Amor

Estava cego de amor.
Não fazia outra coisa, senão cortejar sua quase-inatingível amada.
Viveu em função desse platônico amor até seus últimos momentos.
Morreu sem saber que a única coisa que precisava, era um par de óculos.

Anatomia e Fisiologia Sentimental do Coração

Órgão vital:
Marca o início e o fim.

Independente:
Indiscutivelmente involuntário.

Valvulado:
Simetricamente sonoro.

Perfeccionista:
Jamais perde o compasso.

Inconsequente:
Só sabe bater.
Não quer nem saber
Se vai nos machucar.

Contrate Um Advogado Para Recuperar Uma Vida Perdida

Sinta a culpa,
Perca o sono.

Colha as provas,
Arquitete uma acusação.

Reúna seu júri,
Defina uma sentença.

Julgue os réus
De uma vida
Que quem não viveu,
Foi você mesmo.

Ouvindo a voz do coração

Quantas vezes
Não calei,
Não interrompi.

Quantas vezes
Chorei,
Me perdi.

Quantas vezes
Ouvi:
A voz do coração.

sábado, 9 de maio de 2009

Desliguem O Despertador

A única certeza da vida é o sonho.

Abstrato?

Abstrato mesmo, é achar que os sonhos não passam de um fenômeno abstrato.

Sonhos: Concretizando Um Universo Abstrato

Abstrato:
Inconcreto,
Indescrito,
Impossivelmente irrestrito,
Irrestritamente imaginável,
Inimaginavelmente capaz de sonhar,
De seguir e desconhecer o caminho.


Concreto:
Super-real,
Surreal,
Intransigentemente definido,
Indefindamente previsível,
Imprevisivelmente capaz de guiar,
De andar e construir a estrada.

Sonhado:
Inconcreto e super-real,
Indescritivelmente surreal,
Impossívelmente imprevisível,
Indiscretamente indescrito,
Estranhamente capaz de ser absolutamente
concreto e eternamente abstrato.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Amor-Pela-Metade

O Amor-Pela-Metade é uma árvore sem raízes: não resiste ao vento, não resiste ao tempo...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Correndo Atrás (De mim mesmo)

Passei muitos tempos,
Correndo atrás de ti.

E agora, no meio do caminho,
Não sei se volto,
Não sei se fico.

Passei muitos tempos,
Correndo atrás de ti.

E agora, no meio do caminho,
Parei para lembrar...
Lembrar que me perdi.

domingo, 3 de maio de 2009

Areia Movediça (Afogando-se em memórias)

Costumam dizer que o passado deve morrer.
Que os fatos já arquivados na memória devem afogar-se num emaranhado de lembranças.
Dizem que não devemos resgatá-los a toda hora, pois essas memórias criam raízes que nos prendem a um tempo que não volta mais.
E quanto mais tentamos reavê-los, mais afundamos para dentro de nós mesmos.
Mesmo sabendo de tudo isso, me pergunto se quando o passado morrer, ele levará uma parte de mim.
E se levar, sei que ninguém, jamais, irá resgatá-la.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Deus (Chame como quiser)

Deus é o nosso universo sentimental. Mais abstrato ainda.

Mais uma de amor

Amor não é laço, é o desenlace da solidão.
Amor não é traço, é composição.
Amor não é remédio, muito menos curativo, é a força que nos impede de cair.
Amor é coisa simples.
É tudo.
É nada.
É a verdade que se esconde por trás de cada ato.

Minha Ode Ao Ódio

O ódio alimenta-se
Da entropia.

Da energia que
Des-alimenta o sistema.

Da inversa sinergia que
Aponta a um mesmo fim: o nosso.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Indecisão

A indecisão é...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Medo

O medo é uma fresta da janela que deixou o frio entrar.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Infinito Suspenso

Difícil mensurar a eternidade do céu:
Lar de incontáveis sonhos,
De brilhantes desejos,
Que vestidos de estrelas,
Compõem a imensidão de um mar de nuvens.

Difícil definir a cor do céu:
Tingido de um azul de esperança,
Um azul de lembranças que transcendem
Tempo e espaço.

Um laranja que aquece
As memórias que se esquecem de sumir,
E que se contentam em viver para sempre.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Amor-De-Um-Dia-Só

Ama-se de dia:

Não se adia
Um amor que
Um dia,
Pode vir a se tornar
Coisa tardia.

Ama-se de noite:

Não se tira
Na sorte,
Um amor que
Cria pontes,
Que se descobre em fases.

Ama-se apenas por um dia:

Pois amores-de-um-dia-só,
Adiam os dias
E duram do momento
Em que o Sol nasce
E jamais se põe.

O Mundo Está do Avesso

Girando ao contrário,
O mundo joga as roupas
No armário
E veste-se com as loucas

Pretensões dos homens
De serem mais espertos
Que os outros homens,
Que agora despertos

Procuram de perto
As etiquetas alheias,
Mas nem sabem ao certo
Onde esqueceram as meias.

O mundo está do avesso,
Impregnado de pessoas
Despersonalizadas,
Precificadas.

O mundo está do avesso
E ninguém notou.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Aforismo Evolucionista

Quem veio primeiro: a timidez ou a vergonha?

Metros E Metros De Um Quase-Amor

É possível amar quem está longe?

Viver um amor
quase-distante?

Mudar um amor
quase-mutante?

Conter um amor
quase-andante?

Esconder um amor
quase-amante?

É tão possível,
Que é um amor
quase-próprio.

Pois quem está longe,
Está mais perto do que podemos
Imaginar: está dentro de nós.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um sonho sonhado, sonhou...

Será que o sonho contenta-se
Em ser sonho
Sonhado dos outros?

Será que ele sonha
Em ser sonho
Sonhado?

Será que ele
Sonhou
Que sonhava?

Sonho sonhado
Ou ainda não?

Sonho meu contenta-se
Em sonhar de ser sonho
Sonhado,
Só se for no sonho teu.

domingo, 5 de abril de 2009

Ocupado demais para não sentir

Num domingo à tarde o tempo parou.
O céu nublado engoliu os ponteiros do relógio.
A chuva molhou o piso da sala, encharcou os tapetes e acabou com a luz.
Seu telefone só dava ocupado.
Minha mente estava ocupada.
Ocupada em se desocupar com o repente fim do tempo.
Meu coração me guiava em um compasso intermitente, por uma estrada desolada.
Meus olhos afogavam-se em lágrimas e meus pulmões inspiravam o sofrimento do mundo todo.
Num domingo à tarde você foi embora.
E seu telefone ainda está ocupado...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Des-amor

Des-amar é e sempre será um mero um prefixo.
Prefixo de um pretexto infundado, inundado de incertezas.
Pois quem des-ama, não deixa de amar, só deixa tudo pra depois.

Primeiro de abril

A mentira é uma verdade caricata.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Desconfiança

A desconfiança é como um sapato/que muda conforme a ocasião/, mas que está sempre apertado/no dedão.

Amor-próprio

O melhor do amor-próprio é o fato dele ser um cargo vitalício.

Liberdade

Liberdade é criar suas próprias regras.

Silêncio da alma

Existe um só silêncio que grita alto, que dói lá no fundo.
Um silêncio que extermina certezas, desafia a razão.
Um silêncio que congela o mundo todo, que finda a esperança.
Um silêncio que desnorteia, ensurdece: o silêncio da alma.

Atemporal

Com o tempo, aprendemos que a amizade é à prova de tempo.

Brincando de esconder

O futuro é mesmo um ser astucioso: quanto mais procuramos por ele, mais nos perdemos do presente.

Festa à fantasia

A saudade é o passado que brinca de se fantasiar de presente.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Saudade

A saudade é um espelho retrovisor.

Arrependimento

O arrependimento é uma porta que só abre por dentro.

terça-feira, 24 de março de 2009

Olho Mágico

Da porta pra cá,
O mundo é do jeito
Que se mostra.

Da porta pra lá,
É do jeito
Que eu quiser.

sábado, 21 de março de 2009

No final das contas

Cada fim é uma nova chance de encarar o mundo com outros olhos.

Quem me quer?

Bem me quer, mal me quer...
Bem me quer, mal me quer...
Bem me quer...
Mal me quer...
Agora eu que não quero mais!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Gritando Verdades

Tenho algo entalado na garganta.
Algo como um míssil teleguiado, extremamente certo de seu alvo e convicto de sua missão.
Aqueles que agora tapam os ouvidos com força, revelam o medo de que essa explosão ecoe tão alto que lhes mostre a verdade.

sábado, 14 de março de 2009

(In)violável

A justiça é um baú trancado com um cadeado de papel.

Esperança

A esperança é um relógio analógico alimentado por uma bateria chamada fé.

Amor

O amor é um relógio de corda.

Dois

Quero estar aqui,
Quando o futuro chegar.
Não quero mais atropelar
O presente que não vivi.

Quero estar aí,
Quando meu mundo virar dois
E nós dois virarmos
Um.

Solidão

A solidão é um tênis desamarrado em um ônibus lotado.

Dialética

Classifico-me como um sendo-humano.

A questão de ser humano

Ser humano é ser o que, afinal?
É sentir?
É não sentir?
É ser, é não ser?
Qual a questão?
Se é que ela por um acaso existe...

Quebra de protocolo

O futuro é um cisco nos olhos da rotina.

Me vê futuro, por favor. Pra viagem!

Quantas vidas,
A vida tem?
Quantas vidas,
O tempo tem?
Quantas vidas,
O amor tem?
Quantas vidas,
O passado tem?
E quantas o presente nos rouba a cada dia?
Não importa,
Pois a vida se renova sem pedir licença.
Isso é futuro.
Completamente incerto, mas absurdamente cheio de vida.
E eu só quero abrir quando chegar em casa.

terça-feira, 10 de março de 2009

Quem dirige? (A vida)

Dizem que as coisas são passageiras.
Disso eu sei.
Mas o que fico em dúvida, é se eu sou o motorista.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O nascimento da poesia

A tinta corre de encontro ao papel.
Sedenta de descobrimento, intoxicada de mistério.
Mescla-se com a pureza de algo intocado, um universo indiscreto, indescrito.
Desbrava o vir-a-ser, antecipa o futuro, conta o presente, traz à tona o passado.
A cada nova curva, um novo propósito.
A cada novo traço, um novo dizer, um indefinido sentir, que desemboca em um verso desenfreadamente etéreo.
Verso que externa o que se resguarda lá dentro, o que se esconde do mundo.
Verso que conta o incontável, que comunica o infactível, que executa o inimaginável.
E que agora, é verso seu.
Verso meu.
Verso da poesia que nasceu.
E viverá eternamente.
Seja no papel ou no coração de quem já morreu.

Sincronicidade imaginária

É engraçado quando os dias da semana coincidem com os dias do mês.
Quarta-feira, dia 4.
Esse paralelismo exala um estranho sentimento de que as coisas estão se acertando.
E de que a vida divide a mesma estrada que eu.
Sorte a nossa.

Monossilábico

Ultimamente as pessoas andam falando muito e dizendo pouco.
E eu, entendendo menos ainda.

terça-feira, 3 de março de 2009

Meu (Admirável mundo novo)

Aquela vitrola não arranha mais meu vinil preferido.
A luz daquela janela não me traz mais uma completude imaginária.
Os passos que correm o caminho, agora rumam pra lugar nenhum.
Minha camiseta preferida já não veste mais tão bem.
O sonho que eu adorava sonhar, não passa de uma breve lembrança.
Mesmo assim, meus olhos não querem mais se fechar para um mundo que eu descobri.
Um mundo que não gira sozinho.
Porque esse mundo sou eu.

Certeza de ser incerto

Não tenho certeza de nada.
Não faço questão de correr contra o tempo, mas não deixo mais ele me atropelar.
Meu presente, ainda está se decidindo se pára no tempo e vira passado ou se adianta o relógio e põe um pé no futuro.
Não sei mais quem sou e não penso em quem serei.
Troquei minhas certezas por dúvidas e minhas dúvidas por possiblidades.
Não tenho mais certeza de nada e percebi que nunca tive.
Mas agora, isso não me apavora mais.

domingo, 1 de março de 2009

Bomba de amor

Nosso coração é uma grande bomba de amor.
Passamos a vida alimentando-a.
Quando ela, finalmente, explode dentro de nós, podemos compartilhá-la com quem merece os estilhaços.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Mãos de cavalo

Quando a chuva bate forte na janela, leva embora o retrato dos dias que a poeira desenhou desde a semana passada.
Quando a tristeza bate forte na porta, traz você de volta.
E as lágrimas que materializam um sofrimento torrencial, correm numa enxurrada enfurecida, que minhas mãos de cavalo não conseguem mais conter.

Propaganda de amor

Meu amor não cabe em 30 segundos e não está em promoção.
Meu amor é feito à mão e desenhado sob medida.
Meu amor não é novidade, não quer agradar ao público em geral nem criar intriga com a oposição.
Meu amor não tem contra-indicação, nem manual de instrução.
Meu amor não vem embrulhado para presente, nem tem aquele laço colorido bem em cima.
Meu amor, afinal, é todo seu. Pelo preço que quiser pagar.
E acredite: no rádio, na TV, nos jornais e até mesmo na internet posso anunciar, mas sei que meu amor é tão seu, que mesmo desejando que ele se contente com um outro alguém, ele insiste em querer te amar sempre mais e mais...

Quando fiquei pra trás...

Lembrei de você o dia todo.
Lembrei das roupas que você usou, da cor dos seus esmaltes, das suas sandálias, do jeito que pegava na sua mão (e você sempre dizia estar errado).
Lembrei até do jeito que você sentia ciúmes de mim.
Lembrei de como você cerrava os olhos quando recostava a cabeça no meu peito e do jeito que você me olhava quando dizia que eu era seu bonitinho.
Lembrei do tempo que passamos juntos, que matamos juntos.
Um tempo que nos passou pra trás e não nos deixou escolha.
Agora sei que meu caminho não é o mesmo que o seu, mas também sei que a cada passo que dou para longe de você, mais me afasto de mim mesmo.

Amor aos pedaços

Amar é perder-se em alguém e encontrar-se em si.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre o amor

Amar não é querer dar a sua vida a alguém ou querer passar o resto da vida ao lado de alguém.
O amor é lindo, porque ele é natural.
Não precisa estar perto pra amar, não precisa estar a mais de X anos, dias ou meses pra amar.
O amor pode começar a qualquer momento.
Amar é estar feliz consigo mesmo, é querer viver, é ter vontade de olhar por cima do muro pra imaginar o futuro, é olhar pra trás e se orgulhar do passado.
É viver o presente minuto a minuto, sem enjoar.
Porque o amor não intoxica, não faz mal.
Por isso que amar é fácil. Porque o amor está dentro de qualquer um.
Se amar é sentir frio na barriga e se o amor que eu sinto por alguém durar alguns minutos, que seja esse o amor mais amado do mundo.

Tirei férias de mim

Viajei pra longe de mim mesmo, mas vou voltar. Um dia hei de voltar.

Suas Quatro Estações

Seus olhos de outono derrubam minhas alegrias, esvaem minhas emoções, varrem meus sentidos, me instauram um castigo.
Sua boca de inverno esculpe uma silhueta eterna, etérea, isenta de ser, sentir, palpar, despretensiosa de amar.
Seus cabelos de primavera cintilam numa sinfonia primária, exalam um feitiço certeiro, um calor derradeiro. Escondem uma mágica imaginária, improvável, incerta.
Suas mãos de verão calam meu ser, roubam meus fluídos, reduzem-me a vapor.
Vou aos céus, sem medo de cair, subir, cansar, voando sem medo do amanhã. Preparado para viver, chover, sofrer...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Pretérito mais-que-perfeito

O desenlace repente,
Do laço passado-presente,
Finda o desejo da gente
De viver num destempo precoce,
Num espaço sem posse.

O que se traveste de defeito
É o que no fundo renova a esperança
E faz florescer a lembrança
De um pretérito que se foi.
E será sempre mais-que-perfeito.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Para entender o motivo da vida

Não me deram fórmulas para salvar vidas, muito menos os mapas para encontrar tesouros escondidos.
Mas me entregaram em mãos a vontade de viver.

Para não falar dos seus cabelos bagunçados

Ela chegou de mansinho, com um olhar de dúvida e um all star vermelho.
Seu rosto rosado de maquiagem e sua bolsa dourada não deixavam dúvidas de que ela tinha todas as estrelas a seu favor.
Ela veio sem dúvidas e me deixou tranquilo, sem medo de duvidar de mim mesmo.
Ela está sempre por trás das câmeras, cuidando dos bastidores de sua vida.
Ela é a atriz principal da minha cena, sua atuação é impecável.
Ela diz que me acha bonitinho e eu acho que isso está de bom tamanho.
Tamanho, este, que me falta, quando fico perto dela.
Mas eu nem ligo, pois suas calças são mais apertadas que as minhas.
Seu nome rima com batalha, uma que estou disposto a vencer.
Luto ao lado do meu coração, que já está batendo em seu pulso.
É como se ela sempre o tivesse guardado ali, e só estava me esperando chegar...

8:00 (Deixei o passado no armário de cima)

Eu estava a ponto de desistir do amor.
Estava mandando embora todas as minhas lembranças. Deixando todas em fila, pronto para colocá-las naquele armário de cima, onde ficam as fotos e todas as outras lembranças que mamãe guarda de nós.
Tive vontade de deixar a poeira consumir meu coração, de deixar os ponteiros do relógio apontarem meu destino.
Era isso: eu estava cansado de dançar no compasso do tempo, de viver correndo atrás de mim mesmo, de ter que procurar alguém para me ensinar o caminho de volta.
Não aguentava mais olhar a minha volta e perceber que não exergava nada além de rostos atrasados esperando o ônibus ou passos que caminhavam pra lugar nenhum.
Eu estava cansado de correr atrás do futuro, de olhar por cima do muro, de ver o mundo girar.
Eu clamei pela derrota, para que viesse de mansinho e me colocasse pra dormir.

Agora, tudo isso são lembranças, como aquelas lá, do armário de cima.
Já cobertas pela poeira, olho-as não com desprezo, mas como prova de evolução.
Espero o relógio bater às 8:00 da manhã e deixo meus passos me levarem a lugar nenhum, para correr atrás do futuro, para dar corda no mundo.
Faço parte dessa paisagem de rostos, dessa floresta de movimentos, dessa nuvem de pensamentos.
Estou procurando respostas, fazendo apostas e querendo vencer. Tenho vontade de viver, de me jogar de cara no mundo, de amar o amor mais profundo e de querer o bem de todos.

Chegou a hora de recomeçar. Exatamente do ponto em que parei.
Me vejo descendo da cadeira, fechando o armário e deixando para trás o que já se passou...

Quando a culpa vem de mansinho

Às vezes me culpo por me sentir culpado.

Sem registro

O que nunca existiu também
pode nos machucar,
nos fazer sentir saudade.

Coisas que nunca existiram,
nunca foram registradas no mundo real,
não tem nome de batismo ou motivo de ser.

São coisas que não podem
ser divididas, emoções que não
podem ser compartilhadas.

A decepção vem por inteiro,
Sem dó nem piedade.
Nos esmaga contra nosso fracasso,
Nos encara como um valentão.

É difícil acordar.
É fácil perder a hora e embarcar no
Sono da solidão, sem previsão
Pra voltar.

Depois de remar pra bem longe
Sem poder ver a margem,
Basta se entregar às correntezas
Do nosso eu interior.

E esperar que alguém venha nos resgatar
Ou que sejamos trazidos de volta
Pro lugar de onde viemos.
E nunca deveríamos ter saído.

Quanto tempo ainda temos?

Quando páro pra pensar na vida,/percebo que ela não pára pra pensar em mim.

À procura da vida

Não passo meus dias
Correndo atrás de sonhos.
Vivo em função da vida
Que se esconde por trás deles.

Segundo Plano

Passei muito tempo convivendo com o passado,
Mas chegou a hora de seguir em frente.
De admitir o que passou,
De colocar alguém em segundo plano.
E esse alguém não sou eu.

Quando a fé é cega

De nada vale um cego voltar a ver, se um dia ele deixou de acreditar.

(Im)pensar

Amar é não pensar.

As paredes têm ouvidos

Quantos segredos
Já deixei escapar,
Voando por entre meus dedos
Sem medo de machucar

Caixinha de sonhos

O Universo é mesmo magnífico: dá conta de guardar todos os sonhos que já foram sonhados e os que ainda hão de ser.

Presente de grego

O tempo presente é mesmo um presente de grego: antes de abrirmos é futuro e depois de aberto é passado.

A que viemos?

Qual nosso propósito, senão nascer, amar e morrer?

Se

Quando me perguntam se sonho, digo que vivo.

Sou

Já dei a volta ao mundo.
Da montanha mais alta
Ao fosso mais profundo.

Já amei mais do que deveria.
Lutei em vão,
Buscando além do que podia.

Já fiquei de joelhos,
Admiti a derrota
E olhei-a nos olhos.

Já dei a volta ao mundo.
E nunca mais voltei.
Pois nunca fui,
Mas sempre serei.

Páginas

É estranho perceber,
Que do passado,
Nunca lembramos
De esquecer.

Elephant Gun

O passado é uma luz que não se apaga.

Cortando as asas

- E, naquela tarde, a vida deixou de viver dentro de mim...

Castelos de areia

E a vida vai assim:
dançando no compasso do relógio.
Transformando minutos em sorrisos,
Segundos em despedidas.
Despedidas de um tempo que se foi,
Um tempo em que nós fomos.
E nunca mais deixaremos de ser.

Poesia não cai por terra, nós caímos

No meio do caminho tinha uma pedra,
Tinha uma pedra no meio do caminho...
Foi quando tropecei.

Sorte no jogo, azar no amor

Sou uma lenda viva
E confirmação da regra.
Porque nesses jogos
De amor, só ganhei
Um coração partido.

Transcendência

Ao amar, o ser humano deixa de ser.

Pontes que se esqueceram de unir 2

Se Ponte de Safena, milagrosamente, curasse amor mal resolvido, os cardiologistas passariam a cobrar por sessão e não mais por cirurgia

Pontes que se esqueceram de unir

Se Ponte de Safena curasse amor mal resolvido, certamente a minha teria a extensão da Ponte Rio - Niterói.

As aparências te enganam

Pare de encarar o espelho.
Por que motivo preocupa-te
Tanto com a aparência?
Teu amor ama
A pessoa que espelho
Nenhum reflete: a que está dentro de ti.

Para os Doutores em Administração

Se administrar um amor correspondido já é complicado, o que dirá de um não correspondido?

Apague a luz e feche a porta

Apaixonar-se é como entrar em um quarto escuro.
Perdemos a noção das coisas ao nosso redor. É algo que exige cuidado, um certo preparo.
É quando nossos sentidos ficam bagunçados, como se a visão de tudo o que havíamos presenciado até tal dia, caísse por terra.
Perdemos o senso de direção, não sabemos onde nos apoiar.

Naquele momento, está à disposição somente uma coisa: a memória.
Ah! Essa nunca falha.
Franzimos a testa e tentamos lembrar de como era aquele quarto, iluminado.
Os móveis acabam tornando-se obstáculos complexos, pondo à prova nossa capacidade de trilhar um caminho seguro.

Tudo parece relativamente bem até que topamos a cômoda com o mindinho.
Isso sim, realmente dói de uma forma que só nos restam forças para rezar que aquilo vá embora depressa.
Mas fazer o quê? Essa é a forma de dizer "Oi" das decepções amorosas, que por mais imunes que julguemos ser, hora ou outra acabamos topando com elas, literalmente ou não.

Passada a dor, recobramos ao corpo (trabalho geralmente árduo) e continuamos a jornada.
De longe, enxergamos feixes de luz, cortando as frestas da janela.
Como aprendemos que a luz, geralmente é sinônimo de segurança, não hesitamos em ir em direção a ela.
Finalmente, destrancamos a janela e o quarto volta a ser preenchido com a reconfortante sensação de trabalho cumprido.
Por mais que pareça surpreendente, certas vezes, não há alguém nos esperando do outro lado da janela.

Há pessoas que são ofuscadas pela luz do esforço e logo desistem. Pessoas que têm medo do escuro e nos abandonam ao entrar no quarto.
E pessoas que, ao finalmente conseguirmos abrir a janela, simplesmente entram no quarto, apagam a luz e fecham a porta.
Fazê-las permanecer no quarto é o que chamamos de amor (pelo menos um meio- amor).

A maioria não se sente confortável em carregar esse ônus. Por isso, logo saem e trancam a porta.
E, na mesma maioria das vezes, só nos resta fechar a janela e esperar o Sol raiar no dia seguinte.
Porque, com certeza, o Sol nasce para todos, dia após dia.
E esse quarto escuro mantém-se estático, sempre, esperando ser conquistado e desbravado. Pois esse quarto escuro é a prova de que somos fortes o bastante para abrir a janela e deixar a luz entrar, a qualquer hora.

E quem não se julga capaz de nos dar a mão nessa jornada: por favor, apague a luz e feche a porta ao sair.

Contramão

Apaixonar-se é fácil. O difícil é se desapaixonar.

Eu X Eu mesmo

Às vezes, penso que meus monólogos internos são frutos da minha imaginação.

Viver causa indigestão?

Eu arrisco,/Eu belisco./Meu petisco/É viver: dia
após
dia

Quando os ombros não suportam o mundo

É como se eu tivesse gasolina o bastante para incendiar minha vida inteira: minhas memórias, meu sonhos, meus fracassos, seus pedaços.
E você, os fósforos.
Basta dar o sinal de partida.
Da minha vida partida.
Da sua partida...

Onde se esconde o futuro

O presente é a condição de existência do futuro.

Palimpsesto

É assim, ano a ano a vida se renova.
Despede-se de um ciclo que se vai e apresenta-se a outro, recém-nascido.
Ciclos que se entrelaçam, que se beijam de despedida, que se mesclam sem perder as nuances que os fazem únicos.
Ciclos que compõem o quebra-cabeça da vida, que se confrontam com o que já passou, mas ainda tem lá seu pé no passado.
Ciclos que vão incorporando as novas fases que descobrimos ao longo da vida, que vão trocando de pele, de humor, de amor, de ser e de saber.
Ciclos que, mesmo em constante mudança e manutenção, mantêm uma essência, ultramente pessoal e única, intocada.
E, a cada ano, essa essência se depara com o milagre da renovação: que recheia nossa alma com a incerteza do futuro.

O que passou...passou?

As coisas que já foram, nunca deixam de ser.

Lado B

Arrepender-se é mudar.

Desejos (de)cadentes

Os sonhos só se esgotarão quando no céu não mais restarem estrelas.

Vende-se ilusão de felicidade

Felicidade.
Onde se esconde?
Onde se meteu?

Escorre por entre meus dedos.
Finge que morreu.

Trate de correr.
De me achar de volta.
Finja que não doeu.

Deixe de se esconder.
Mostre a que veio.
Desfaleça sobre mim.

Antes que não possa mais fingir...

Mantenha distância?

- Alô, quem fala?
- É o amor.
- Opa, foi engano!

Rá-tim-bum!

Fazer aniversário é sempre a mesma coisa.
Tias apertando as bochechas, pessoas desejando tudo de melhor.
Um ano a mais se passou.
Um ano a menos está por vir.
Desejos se apagam junto com as velhinhas.
Desejos se iniciam ao cortar o primeiro pedaço de bolo.
O primeiro pedaço do início de um ciclo que se renova, a cada ano.
Um ciclo que nos promete mais do que podemos imaginar.
Mais do que podemos adivinhar ou planejar.
O começo de uma nova era, que com 12 meses nos faz pensar como o tempo voa.
Tempo, esse, que pousa em nossa janela.
Que nos provoca a mergulhar em busca de momentos que nos permitam viver plenamente.
Momentos que nunca se repetem.
Que são únicos por si só.
Assim como os aniversários.
Fazer aniversário é sempre diferente.

Dando um laço na vida

E se a vida fosse simples/ Como o ato/ De amarrar os sapatos?

Lusco-fusco

Somos duas partes/Funcionando em perfeita harmonia

Sentimentos Maquiados

De nada valem
As juras, promessas
E súplicas,
Se o coração
Continua a bater
Em um só peito.

Ego(centr)ísmo

Ninguém está a sós,
Quando vive para si.

Para perceber o que te rodeia

Não é preciso sair
Em busca da felicidade.
Basta não fugir dela.

Carrossel

Se o mundo dá voltas,
Por que vejo-me
Sempre no mesmo lugar?

Como éramos antes...

Quando estive sem rota e
Forças para lutar,
Você me trouxe de volta,
De onde jamais imaginei chegar.

Agora leve tudo embora
E traga de volta quem
Costumávamos ser.

À deriva de você

Como uma mensagem
Na garrafa,
Meu coração perdeu-se,
Nos infinitos dos seus
Oceanos de promessas.

Primeiro, segundo...amor.

É incrível como o nosso primeiro amor,
Continua sendo único
A cada vez em que nos
Apaixonamos.

O para sempre começa agora

Vivemos criando caminhos imaginários,
Arquitetando o futuro.
Até deixamos de ser nós mesmos
Procurando um lugar mais seguro.

Mas quando olhamos lá na frente,
Não construímos nada,
E as ruas que existem,
Não tem mais saída.

Só nos resta dar o primeiro passo,
Quebrar barreiras e seguir adiante
Ou continuar a viver em sonhos.

Daqui pra lá

Se o amor está
Dentro de cada um,
Chegou a hora
Do meu coração
Mudar de casa.

Auto-Universo Paralelo

Julgamos nos conhecer
Tão bem,
Mas a cada viagem
Para dentro de nós mesmos
Percebemos que as estradas mudaram
E que talvez nunca achemos
O caminho de volta.

Fim sem ponto final

Só deixamos de viver quando morremos por dentro.

Impulsivamente

O tempo de virar a cabeça
E olhar para trás,
É o tempo que
Nos havia sido reservado
Para agir.

Futuro do Pretérito

Pare de olhar para frente
E concentre-se no presente.
Pois quando menos se espera
O "para frente" já se foi.

Meu novo eu?

A cada dia espero a vida se renovar,
Mas só sinto o tempo correr mais rápido.
Quando paro para olhar,
Percebo que a vida já passou,
Que o tempo já virou...
E eu continuo assim: sempre o mesmo.

Contagiante

A felicidade é como o bocejo.
Depois de observá-lo,
Bastam alguns segundos ante a sua chegada.

Fomos Heróis

Já não lutamos como antes
Perdemos a coragem
À frente, só conseguimos enxergar o passado
E relembrar que um dia
Já fomos os heróis de nossas vidas.

Céu (seu, meu, de todos)

Por que tanto olhas para o céu?
Por que tanto admira as estrelas?
Por que buscas viver em um lugar tão longe?
Se esse lugar pra que tanto olhas
É só o reflexo do seu eu interior?

Um lugar chamado…

Existe um lugar onde tudo é possível.
Um lugar onde não existem sonhos, porque não existe necessidade de sonhar.
Um lugar onde não existem códigos ou siglas.
Um lugar onde as cores se misturam, onde as coisas se costuram.
Um lugar onde eu jamais imaginei chegar.
Até descobrir que esse lugar sou eu.

O que precisamos reaprender

Todos pensam viver uma incansável e imbatível rotina.
É incrível como todos os dias parecem ser iguais, onde as mesmas coisas sempre acontecem, sem nos reservar surpresas ou aspirações.
O que na verdade acontece, é que nos esquecemos de como apreciar a beleza do tempo.
Os minutos parecem ser algo tão pequeno e ínfimo, mas se formos a fundo e pensarmos em quanta coisa podemos pensar em um minuto, somente, percebemos que o tempo é algo que vai muito além da nossa compreensão.
Quem disse que a cada volta que o ponteiro dos segundos dá no relógio, um minuto se passou?
Quem disse que existe uma medida de tempo correta ou determinada?
Quem disse que o meu tempo é o mesmo que o seu?
Ninguém.
Não há alguém que possa dizer que o tempo dos dias é sempre o mesmo ou que todos eles tem 24 horas.
Quantos dias não rezamos para que passassem devagar? E quantos não suplicamos para que voassem?
A grande verdade é que com toda essa correria, esquecemos de ver o tempo passar.
Esquecemos de olhar no relógio e lembrar o que estávamos fazendo no minuto anterior ou no mesmo horário do dia anterior.
Se não pararmos para reaprender a encontrar a beleza e singularidade que cada dia ou instante reserva pra nós, vamos esquecer que cada segundo que se passa é diferente do segundo que veio antes e do que ainda vai vir.
E se perdermos essa noção de que não podemos voltar atrás, os dias vão perder a cor e os minutos serão, para sempre, somente minutos.

Momentos

É engraçado como a realidade pode variar conforme as diferentes situações com as quais nos deparamos.
Há dias que nos sentimos tão com os pés no chão, tão simples, normais ou tão vítimas da rotina. Dias em que tudo parece tão morno, apático e sem muita profundidade ou sentido. Dias que enterram cada vez mais os instantes, que achávamos ser inesquecíveis, nas profundezas de nossa mente, consciência ou coração (chame da forma que preferir).
Em oposição a isso, existem momentos que nos fazem perder o ar, momentos que nos deixam sem fala, sem jeito e que nos levam tão longe, mas tão longe da realidade, que cada segundo é um universo novo que conquistamos e cada olhar é um frame que captamos com todo o cuidado, para que ele fique pra sempre arquivado no filme da vida. Momentos que jamais esperávamos acontecer, mas que sempre desejamos que fossem possíveis. Momentos que fantasiamos em nossos pensamentos durante tempos e tempos, ensaiando o que deveríamos falar, como deveríamos agir e o que iríamos pensar. Momentos que decidimos guardar pra sempre dentro de nós, por escolha própria mesmo e não por obrigação, para que quando caíssemos naquela rotina chata e ordinária, pudéssemos reviver essas lembranças em pensamento, que, por terem ocorrido de forma tão intensa, ainda nos ajudam a reacender a chama que nos mantém prontos pra correr atrás de dias melhores e sensações que nos tiram o fôlego.
Pela primeira vez na vida, vi que nunca é demais sair atrás do que realmente queremos ou ser quem desejamos ser (e não o que querem que sejamos). Vi que é necessário bater o pé no chão e defender sua posição. Vi que só assim, correndo atrás do que faz diferença para mim e do que me faça ter momentos como esses aí de cima, posso me tornar alguém melhor a cada dia.
Para aqueles que acreditam que o essencial é invisível aos olhos, digo mais: tenho tudo o que preciso dentro de mim, mas posso lhes garantir que olhei nos olhos desse tal de essencial. E isso, ninguém mais pode tirar de mim.