segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Garganta

E os momentos tornam-se
Verdadeiros tormentos
No silêncio da alma.

Já não existe calma.
Não existe saída
Para compensar uma vontade
Traída.

Só mesmo quando você
Cai no chão e não se levanta,
Descobre que o arrependimento
É aquele grito que ficou preso na garganta.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Diversão de Inversão

Seus defeitos
São ainda mais
Perfeitos

De ponta cabeça.
O maior erro de todos não é lamentar ter perdido os poderes, mas se esquecer de, um dia, ter sido herói.

Não Quero Dizer

Sentimentos se amontoam.
Aos montes, sem nome,
Dão vazão a algo enorme.

Sei o que é, sinto.
Só não quero
Dizer...

Linha

Equilibrando-se nas beiradas
Dos finais e das chegadas,
O tempo vai contando em círculos
A brevidade da vida.

De hora em hora,
As horas se esgotam
E as memórias remontam
As histórias que um dia contaram.

A cada passo,
O espaço e o aço
Deturpam as distâncias e recortam
As lembranças que esquecemos de cor.

Conforme a vida passa,
O coração perpassa
E a razão embaça
O pára-brisa da alma.

Quanto mais o corpo teme,
Mais a alma treme
E a gente sente
Que o fim chegou.

Quem nunca acreditou,
Agora ajoelha em pé
E descruza os braços de fé
Que um dia a vida cruzou.

O sentido do amor é esse:
Vindo na contramão
Andando em passos de oração
E enchendo de cor o vazio do coração.
Viver bem é uma questão de escolha. / É manter o coração de sempre / E enxergar o mundo / Com olhos novos em folha.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Centrar-se é
Equilibrar
Os
Extremos.
Dê vazão ao vazio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Às vezes a vida enjoa, sim. / Sorte que ela ainda não enjoou / De mim.

Esperança

Um dia fui procurar
Por Deus
E encontrei
A Esperança.

A vida é uma questão

A vida é uma questão de manter tudo sob controle.
De estar dos dois lados da cerca.
De esgotar as últimas segundas chances.

A vida é uma questão de manter os pés no chão.
De enfiar a cabeça nas nuvens.
De calçar as estrelas e alcançar os desejos.

A vida é uma questão de manter o clima ameno.
De acertar mais e errar menos.
De desafiar o futuro e acordar mais cedo.

A vida é uma questão de se manter vivo.
De engolir o presente, cuspir esse medo inerente
E sair voando por aí...
O amor é a apatia da razão.

Não Existe

Não existe ontem.
Não existe amanhã.
Não existe chantagem.
Não existe mente sã.

Não existe agonia.
Não existe alma.
Não existe luz do dia.
Não existe calma.

Não existe consciência.
Não existe pacto com a ciência.
Existem apenas quilômetros
E quilômetros de silêncio.
O amor é uma Teoria da Conspiração. / Toda planejada pelo coração.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Urubu

Ao invés de ruminar os podres
Da vida
E ficar por aí, à toa,

Veja só o urubu:
Come carniça
E voa.
A solidão, apesar de tudo, preenche.

Caverna (Expedição do Amor)

Comprei uma lanterna,
Só pra iluminar a caverna
Do seu coração.

Obstante, para você
O amor não é o bastante,
Nem ter meu coração
Enfeitando sua estante.

Se nossos inimigos,
Dos jazigos do destempo,
Findaram seu desejo
De (me) amar,

Então apago minha lanterna,
Estico minhas pernas,
E vou sair à procura de outras cavernas.

sábado, 7 de novembro de 2009

Saudades do futuro que me espera

A saudade é uma âncora. Uma daquelas bem pesadas, cheias de ferrujem. Uma daquelas que as pessoas que despertam algo no seu coração, te dão de presente na medida em que vão seguindo em frente. Tem umas que apertam seu pé tão forte que há dias em que o presente são águas passadas. Uma daquelas em que cada gomo da corrente é uma memória diferente, uma história que desconstrói o tempo, que coloca a realidade em suspensão. Tem outras que ao logo da vida te deixam nadar, subir por uns momentos pra pegar um pouco de ar.
Algumas têm seus bônus disfarçados de ônus, só pra pregar uma peça naqueles que se dizem merecedores.
Ao contrário do que muitos pensam, a saudade é o que nos mantêm vivos, nadando pra não se esquecer do passado e de quem um dia já fomos.
A saudade é a luta de cada dia pra manter o coração aquecido, pra garantir que ninguém, jamais seja esquecido.
Por isso, devemos lutar pra que nosso porto esteja cheio de âncoras, sem espaço pra mais nenhuma.
Pois na hora em que estivermos partindo pra imensidão azul lá de cima, seus donos venham pegá-las e partam junto conosco.

É, falhamos.

Você já não tem mais idade pra viver de piedade. Não há mais tempo para ser gasto, não há mais porque tentar manter o espírito casto. A vida não precisa ter o sabor amargo de falha dos seus lábios.
Por mais sábios que sejamos, nossos beijos já estão todos vestidos de despedida. Vamos. Vamos logo antes que a vida desista de ter mais uma recaída. Não somos cegos pra não enxergar que nosso amor já não dá mais pé e que suas palavras se fantasiam de âncoras.
Depois de anos, viramos um retrato exato de uma rotina barata. Nossa floresta já não tem mais canto, já não venta mais o vento da vida, da novidade.
Não quero parecer impessoal ou ter que começar a cuspir inverdades na hora de dizer que decidi voltar a viver tudo pela metade. Não quero nem que esse fim seja visto como algo ruim. Pois agora o jeito é desistir de você, mas não se engane que vou desistir de mim.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Progresso

Progresso
É sempre progresso.

Mesmo que se faça
Existir no processo

De andar
Para trás.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sorte Grande

Falam de sorte como se fosse obra de Deus. Inesperada. Como se fosse um milagre disfarçado. Deseperado. Quantos não cansaram de fazer figas, apertar trevos de quatro folhas, apostar todas as fichas em algo que parecia perdido. Incansável. A sorte não é nada disso. Não são figas, nem trevos de quatro folhas, nem amuletos, nem cuecas, nem pessoas, nem momentos. Besteira. Sorte é a força com que o seu coração bate, é a fúria do seu embate em mudar o rumo das coisas. Sorte é o grito do seu sorriso, o tamanho da sua aura, a dimensão do seu eu. Certo. A sorte grande é quem nos tira, quem comemora quando nos encontra, quem fecha o punho e bate na porta. Vai e volta. Nessa estrada de duas mãos é olho por olho e dente por dente, o presente pelo presente.
Se a sorte realmente fosse incrível a ponto de quase desacreditarmos, estaria sozinha. Sem porta pra bater, sem cabeça pra cair, sem bocas pra sorrir, sem dedos pra cruzar, sem bocas pra beijar, sem semblantes pra mudar, sem caminho pra pisar, sem lugares pra aquecer e sem pessoas pra esquecer.