terça-feira, 27 de setembro de 2011

Necrópolis

Des-envolver
Para sempre;
Desenvolver.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Insensatez

Não me cabe tanta insensatez.
Nem sim, nem não.
O que me move é talvez.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

...

Noite vazia.
Úlcera estrelada.
Como brilha essa falta.
Borboletas me rasgam
O estômago.
Sumo numa escuridão
Que ofusca.
Sou uma multidão
Nefasta. Perdida.
Cada gota d'água
Transborda
A complexidade
Sem tamanho dessa paixão.
Ressentida. Ressecada. Reduzida.
Me perco em avenidas de sonhos,
Em becos e esquinas que tento,
Tento, tento e tento
Des-imaginar.
Essa ausência me corta.
Me abre em pétalas
Com uma lâmina afiada
Por milênios de angústias.
Segredos guardados
Num criado-mudo.
Silenciosos.
Trancafiados junto
À esperança.
Te sinto ainda,
Querida.
Como uma ferida
Quente. Aberta. Recente.
Te sinto ainda,
Querida.
Nesse martírio diário.
Excruciante. Lancinante.
Nessa dor reticente.

Ombros

De algumas
Coisas
A vida
Se encarrega.
As outras,
A gente
Carrega.

Desconstruir

O vazio
Que você
Deixou,
Não te
Deixa
Ir.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Chacina

Sou um jardim
De flores
Natimortas.
Involuídas.
Secas.
Jardim
De inverno.
Denso.
Escuro.
Regado
De mágoas.
Encharcado
De angústias.
Um cemitério
De suspiros
Cadavéricos.
De prantos
Incompreendidos.
Lápides e lápides
De um sofrimento
Empoeirado.
Palmos
De terra
Silenciosos
Que ecoam
No vazio
De lembranças
Que vagam
Com frio.
Segredos
Dilacerados.
Adornados
Por coroas
E buquês
Esquecidos.
A ausência
Me visita.
Regurgita.
Ressucita.
Sim.
O amor
É uma
Chacina.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Flor

Afogado
Na dor
De ser
Flor
E só
Florescer
Em você.

Dá pra explicar?

Toda
Lua Cheia
Tem
Buracos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Outro ou Um

Escolher
É
Não
Escolher.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Abismo II

Seus olhos
São espelhos.
Abismos
Sufocantes.
Profundos
No raso.
Profundos
No fundo.
Sugam.
Engolem.
Ruminam.
Regurgitam
A alma
De quem
Ousa
Olhá-los
De encontro.

Imundo

Quando o banho lava a alma, a sujeira entope o ralo.

Leve

É só o outono chegar
Que o vento tira
As folhas para dançar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

TRINTA E UM

Inesperada.
Como uma
Chuva de verão.
Um arco-íris
Que corta o céu.
Corpos que tocam
O chão.
Debaixo de uma
Coberta pesada,
Suas mãos me
Acariciam a alma
E eu caio num abismo
De plumas.
Me afogo na leveza
Dos seus braços
Que viram abraços.
Das pernas entrelaçadas
Como estrelas enguiçadas
Num lindo trânsito infinito.
Conto o tempo que parou.
E vai continuar parando.
Como na noite
Em que nós dois
Viramos um.

Sofrer é preciso (de vez em quando)

Cama.
Cômoda.
Sensação incômoda.
Tropeço.
Desando.
Abajur.
Armário.
Necessário.
Sonho.
Acordo.
Sonho.
Durmo.
Fecho a janela.
Não pra impedir
O sol de entrar,
Mas pro escuro
Não sair.

domingo, 4 de setembro de 2011

Torrente

Salgo minhas feridas
Com lágrimas perdidas.
Densas.
Dor corrente.
Aberta.
Alma deserta.
Corpo fechado.
Janela pra rua.
Chove lá fora,
Molha aqui dentro.
Tempestade intempestiva.
Prendo a respiração...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Realidades Perpendiculares

Me visto de sonhos.
Todos milimetricamente
Não planejados.
Simetricamente desalinhados.
Sutilmente desajustados.
O improvável me fascina.
Me tira o controle.
Me embrarca numa surpresa
Reticente.
Num futuro gerúndio.
Eu vou sonhando,
Vivendo,
Sorrindo,
Tecendo melodias
Em notas desnudas.
Vazias de compreensão.
Silenciosas.
Avessas à razão.
Sou apaixonado pelo
Pulsar do inesperado.
Vivo pelo que sonho.
Pois o que sonho,
Não cabe onde vivo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Posfácio

Repouso eterno.
Impulso interno.
Cinzas se perdendo.
Tempo desprendendo.
Laços se desfazendo.
Montanhas de amor desfalecendo.
Deito e reaprendo.
Feito.
Não me arrependo.
Fito.
Me surpreendo:
O futuro não será,
Está sendo.