terça-feira, 14 de agosto de 2012

portas

ao escrever
o poeta
– sem querer
ou saber se deve –
desenha portas sob
o que escreve.
passagens que levam
às paisagens
– um beijo
uma flor ou
uma nuvem no céu –
que lhe ocorrem quando
a caneta toca o papel.
pois o poeta escreve
sobre o que vive
o que viu
sobre o que existiu
sem estar preparado
(naquele momento)
para deixar o que escreve
– o que descreve –
cair-lhe no esquecimento.
justamente por isso desenha portas
para ter a liberdade
de ir e vir
voltar abrir e fechar
quando tiver vontade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário