quinta-feira, 2 de agosto de 2012

diferentes exatos momentos

passou-se tanto tempo
no entanto nossas mãos
ainda aderem como se nelas
houvesse um velcro
– que as prende gentilmente
sem acorrentá-las mas
sem permitir que
se soltem facilmente –.
nossas bocas ainda se recebem
com o mesmo cuidado antigo.
recebem-se como quando a boca
investiga uma fruta: de maneira sutil,
sem mordê-la apenas tateando-a
com os lábios e seu tato macio.
nossas peles ainda se atritam
se atraem como dois planetas
orbitando o mesmo sol e buscando
o calor que os faz vívidos que os ilumina
dos polos de baixo aos pelos de cima.
nossas pernas ainda se entrelaçam
formando uma trança uma trama natural
tal qual a que o vento forma
– em determinado momento
e deforma da forma mais bela possível –
seus cabelos quando sopra
e os coloca em movimento.
nossos olhos ainda se espiam
em silêncio como se vissem
o que há do lado de dentro
como se vissem que há um
no centro do outro.
nossos braços ainda se dão
ainda constroem casas portos
e fortalezas.
(nossos braços ainda protegem
as mesmas certezas).
passou-se tanto tempo
no entando é como se a vida
fosse a mesma
em diferentes exatos momentos.

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