quarta-feira, 25 de abril de 2012

vide o verso

tem verso que
cai bem no papel.
cai suave
como se aquele lugar
fosse seu
(do verso)
e sem ele
(o lugar)
o verso não pudesse
ser
– e todo verso preso
tem pressa de ser
porque até ser
é presa de si –
e verso
que é verso
precisa encarnar
em qualquer coisa
que lhe dê sentido
ou que lhe dê
ouvidos.
o que o poeta faz
– ou tenta fazer –
é silenciar o mundo
para ouvir o verso
(por vezes mudo)
que sibila
em sílabas tônicas.
o poeta se empenha
– e é quase perito –
em transubstanciar
o verso que estanca
no peito,
no verso que estampa
a folha em branco.
porque o poeta sabe
que só ele
dá vida ao verso
e vice-versa.

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