ninguém ouviu
– ou viu –
o despertar de um sonho
naquela noite fria.
mas entre o bater dos dentes
ele timidamente
nascia.
sem anunciação e
sem aviso prévio
tomava forma
na porta de um prédio
na Alameda Santos
– onde curiosamente
todos os santos
pareciam ter se reunido
pra assistir ao sonho
que estava vindo. –
naquele momento,
a realidade era pouca
fugaz,
limitada.
por isso nasceu o sonho,
pra deixar na boca
o gosto de uma realidade
inventada.
foi ali,
naquele minuto,
que sumiu toda física,
toda gravidade,
todo peso do corpo
e o mundo ficou
mudo.
foi então,
que eu pude
– pela primeira vez –
me ouvir melhor.
só quando silenciou-se
tudo.
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