quarta-feira, 18 de abril de 2012

esse buraco

a gente sente
que sempre tem
algo que não tem
na gente.
a começar pela própria
ideia de faltar em nós
uma parte ou parte uma.
algo que parte
sem ao menos
ter chegado
em parte alguma.
um espaço indefinido
entre nós e nós.
algo que suspende
a vida antes mesmo
que a gente suspeite.
um buraco cheio de matéria,
energia,
silêncio,
sentimento.
uma ausência com essência,
cara,
rosto
e gosto
de preenchimento,
que nos segue e nos persegue
pelo lado de dentro.
a gente quer porque quer
expulsar do centro
esse vão, faça o que fizer.
mas como se elimina algo
que não se mostra?
que não se ilumina?
como se extermina um excesso
que peca por viver do avesso?
sobrando o mesmo tanto
que falta,
faltando o mesmo tanto
que sobra?
pra essa obra
não sei se tenho tato,
mas sei que tenho
tentado.

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