sexta-feira, 13 de abril de 2012

esta poltrona

escrevo sentado
numa poltrona com capa.
um pano vincado
que gentilmente se propõe
a proteger o estofado.
então toda a vida
que já se sentou nesta poltrona
ficou retida neste pano.
contida em milhões e milhões de fios
de um tecido frio.
todos os fios de cabelo
que um dia caíram aqui,
todo calor desse corpo
que um dia residiu por aqui
ficou em suspesão.
viveu no intermédio
de uma membrana
50% algodão
50% poliéster
um dia ainda tiro
esse pano daqui e fim.
porque eu sinto que
mais que proteger a poltrona
ele quer proteger-me de mim.

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