terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

8:00 (Deixei o passado no armário de cima)

Eu estava a ponto de desistir do amor.
Estava mandando embora todas as minhas lembranças. Deixando todas em fila, pronto para colocá-las naquele armário de cima, onde ficam as fotos e todas as outras lembranças que mamãe guarda de nós.
Tive vontade de deixar a poeira consumir meu coração, de deixar os ponteiros do relógio apontarem meu destino.
Era isso: eu estava cansado de dançar no compasso do tempo, de viver correndo atrás de mim mesmo, de ter que procurar alguém para me ensinar o caminho de volta.
Não aguentava mais olhar a minha volta e perceber que não exergava nada além de rostos atrasados esperando o ônibus ou passos que caminhavam pra lugar nenhum.
Eu estava cansado de correr atrás do futuro, de olhar por cima do muro, de ver o mundo girar.
Eu clamei pela derrota, para que viesse de mansinho e me colocasse pra dormir.

Agora, tudo isso são lembranças, como aquelas lá, do armário de cima.
Já cobertas pela poeira, olho-as não com desprezo, mas como prova de evolução.
Espero o relógio bater às 8:00 da manhã e deixo meus passos me levarem a lugar nenhum, para correr atrás do futuro, para dar corda no mundo.
Faço parte dessa paisagem de rostos, dessa floresta de movimentos, dessa nuvem de pensamentos.
Estou procurando respostas, fazendo apostas e querendo vencer. Tenho vontade de viver, de me jogar de cara no mundo, de amar o amor mais profundo e de querer o bem de todos.

Chegou a hora de recomeçar. Exatamente do ponto em que parei.
Me vejo descendo da cadeira, fechando o armário e deixando para trás o que já se passou...

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