quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Caixa Preta

Quem nunca fez um balanço de si mesmo?
Pegando momentos aleatórios, memórias a esmo?
Relembrando registros passados,
Resgatando aqueles velhos anos dourados?

Quem nunca viveu a vida de trás pra frente?
Andando de costas, dando de ombros para quem enfrente?
Olhando pelo retrovisor e abrindo o teto solar,
Curtindo a ventania da rotina, sem medo de se machucar?

Quem nunca fez tempestade em copo d'água
E trovejou com força em cima de uma velha mágua?
Chovendo insistentemente sobre o chão já seco,
Tentando encontrar uma saída naquele mesmo beco?

Quem nunca esperou o telefone tocar de novo
E se surpreendeu com o fato desse mundo ser um ovo?
Indo ao encontro daquela mesma lembrança,
Jogando com a sorte, sem esperança?

Quem nunca pensou em abrir sua própria caixa preta
E teve medo de reescrever o passado à caneta?
Quem pensa constantemente em fechá-la para toda a eternidade
E deixar que os escombros do presente camuflem a posteridade?

2 comentários:

  1. Um verdadeiro manifesto sobr'a condição de ser humano. À beira da insanidade, mas ainda assim humanos... é o que esperamos.

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