quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sorte Grande

Falam de sorte como se fosse obra de Deus. Inesperada. Como se fosse um milagre disfarçado. Deseperado. Quantos não cansaram de fazer figas, apertar trevos de quatro folhas, apostar todas as fichas em algo que parecia perdido. Incansável. A sorte não é nada disso. Não são figas, nem trevos de quatro folhas, nem amuletos, nem cuecas, nem pessoas, nem momentos. Besteira. Sorte é a força com que o seu coração bate, é a fúria do seu embate em mudar o rumo das coisas. Sorte é o grito do seu sorriso, o tamanho da sua aura, a dimensão do seu eu. Certo. A sorte grande é quem nos tira, quem comemora quando nos encontra, quem fecha o punho e bate na porta. Vai e volta. Nessa estrada de duas mãos é olho por olho e dente por dente, o presente pelo presente.
Se a sorte realmente fosse incrível a ponto de quase desacreditarmos, estaria sozinha. Sem porta pra bater, sem cabeça pra cair, sem bocas pra sorrir, sem dedos pra cruzar, sem bocas pra beijar, sem semblantes pra mudar, sem caminho pra pisar, sem lugares pra aquecer e sem pessoas pra esquecer.

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