terça-feira, 21 de julho de 2009

Solidão

Algo calou o silêncio.
Algo com uma aparência eterna, etérea.
Algo que congela, que destempera, desespera.

Os sons já não têm mais vida para gritar, os ecos já não têm
mais força para rebater.
Os pedidos já não se fazem mais ouvir.
Os ouvidos já exaustos, não conseguem nem ouvir a si próprios.

Algo causou um vazio.
Algo com um caráter indescritível, indestrutível.
Algo que cava tão fundo, que torna o vazio da alma o bastante
para se afogar.

Os passos passam pra trás a gana de passar.
O passar do tempo demora tempo demais a passar.
Os demais passam o tempo nos passando pra trás.
O futuro que antes se alimentava do novo, agora só vive do presente pra trás.

Algo escondeu o mundo num canto.
Algo que não se deve ligar tanto.
Algo que subverte o encanto, que se farta do desencanto.

As luzes já cansaram de iluminar os finais dos túneis.
Os caminhos já não levam a lugar nenhum, os desejos já não tem
motivo algum.
Os sonhos deixaram de brilhar no céu da alma.

Algo escondeu o sentido da vida dentro de um alçapão.
Algo que se protege do mundo com um grande portão.
Algo que se resguarda no buraco mais profundo, que um dia todos descobrirão.

Algo chamado solidão.

Um comentário:

  1. familiarizo muito com a temática.

    mas executada desse jeito ela fica muito mais densa. forte. valeu.

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