quinta-feira, 22 de abril de 2010

As Melhores Coisas do Mundo

Só existo quando me escondo nas brechas do tempo,
Dentro de pensamentos rendidos, de lacunas que invento.
Sem traços da realidade, sem medo, sem posteridade.
A cada sutil possibilidade de botar os pés no chão,
Me perco de mim, sumo de vista, me encho de vão.

Todas as minhas cópias que se apegam ao fim,
Apagam-se a si mesmas, enfim.
E quando procuro por mim, não existo mais.
Clones vão sucumbindo e eu vou subindo,
Rumando e cantando em direção à paz.

A Terra vai se perdendo num azul cintilante,
Meus olhos buscam aquele crepúsculo antigo.
O coração já não mais bate, nem apanha,
Vai parando no compasso de quem ganha,
[Um lugar ao Sol
Dançando no passo de onde a vida se esvai.

Grão a grão a areia vai descendo,
Empurrando a alma por uma ampulheta imaginária,
Desprendendo as memórias e rasgando o peito.
Segundo a segundo, uma luz vai cegando
E minha subida pela escada alada é interrompida.

[São eles, como poderia me esquecer? Meu cordão umbilical com a vida real.

Todas as melhores coisas que errôneamente
Fui procurar num outro mundo qualquer,
[E não me culpo, nem me desculpo.
Pensando que de mil problemas me furtaria,
Agora vejo que estão todas
Aqui.

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