domingo, 13 de setembro de 2009

Máscaras de Oxigênio Cairão...

Meu peito está apertado.
Está ficando cada vez mais difícil respirar, pois a cada vez que inspiro, trago mais da vida de fora pra dentro, mas sou incapaz de expirar toda essa vida de dentro pra fora.

Meu peito está apertado.
Cheio de sonhos que não sonho mais, cheio de amores que se perderam no tempo e cheio de tempo que se perdeu no meio de tantos sonhos que esqueci.
Eu arquivo minhas memórias num jogo inconsciente, só pra ver se eu lembro de todas de cor.

Meu peito está apertado.
E eu continuo entupindo-o com ausências que se misturam com a insanidade dos excessos. Um vazio completamente subversivo transborda por todo o tórax e pressiona as paredes de um espaço físico-mental extremamente bagunçado.

Meu peito está apertado.
Lacrado de incertezas que explodem a cada passo que dou. Suprido de possibilidades que florescem a cada lugar que vou. É um equilíbrio que anda sobre a corda bamba de uma estrada com destino certo.

Meu peito está apertado.
E continua a se alimentar dos extremos e dos meios e dos começos e dos finais. É uma equação indefinida, imaginária. Uma soma infinita, que se desdobra em uma dízima estranhamente periódica.

Meu peito está apertado.
Completamente incompleto e sujeito à súbitas transformações.
Me embalo numa reza ritualística e numa dança teatral para trazer o vento da vida de volta pra dentro de um peito cansado, esperando que ele vente à plenos pulmões e expire toda a natureza morta que vive reclusa sob uma camada de vida em coma induzido.

2 comentários:

  1. muito bonito e emocionante... parabens pelo lindo texto.

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  2. é, às vezes a vida parece um avião em queda... concordíssimo. (?)

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